Ricardo Castanheira

Para a minha geração não existe Portugal sem Europa. E não conheço uma Europa sem Portugal.
Na semana em que a União Europeia celebra 60 anos a esquerda radical portuguesa insiste na tese do isolacionismo. Para dar sinais de vida montam-se (uma vez mais e sempre) na ideia do fim do euro. Porém, a Europa combate-se com mais Europa. O projeto europeu é, ainda, um dos mais interessantes e bem sucedidos conceitos políticos globais. Como tudo na vida precisa de ser repensado e rejuvenescido. Não aniquilado.
Há uma certa esquerda em Portugal que já não se lembra do que era este país antes de 1986. Ir comprar caramelos ao outro lado da fronteira parecia uma epopeia…Por razões de sobrevivência eleitoral – longe do interesse nacional – insiste num discurso alarmista contra Bruxelas com laivos de nacionalismo serôdio. Não pode colher.
A este propósito, o Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, deu – mais uma vez – um sinal de que lidar com os temas europeus implica inteligência e determinação. Ao exigir a cabeça do pequeno holandês mostrou que quem se mete com os portugueses apanha. E que diferença dos anos em que o governo anterior – qual cãozinho de Pavlov – acenava a cabecinha e salivava quando a Comissão Europeia, Eurogrupo e quejandos aplicava sanções e soluções draconianas. Mas, ao mesmo tempo, explicou que dois dos cinco caminhos de Juncker não servem. Uma vez mais, menos Europa não é a solução. Níveis diferentes de compromisso institucional também não servem.
Acresce, que o Brexit – contrariamente ao que alguns acham – não é sequer replicável e pode ser entendido como uma oportunidade para um país como Portugal. Séculos de aliança profícua com Londres serão importantes para alavancar um novo entendimento económico, político e social, colocando Lisboa como a preferencial porta continental.
Em suma, o contributo crítico para uma europa melhor só pode ser com mais europa e não orgulhosamente sós!