Opinião – Um e outro comportamento

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Norberto Canha

Referindo-se a Coimbra “o sitiamento imposto a si própria imprimiu significativos decalques da mentalidade urbana que viu medrar o comportamento corporativo e xenófobo da parte dos que detinham nas suas mãos as malhas do poder concelhio.
Nas cortes de 1641, a cidade pede que nas eleições das pautas dos vereadores e nos sufrágios para procuradores de cortes, não votem os que «residam nos lugares ao redor da cidade porque reduzido isto a menor número de pessoas se farão as eleições com mais quitação e asserto»”. (citado na página 104 do livro “EIVA”).
É isto que está a acontecer porque as elites que estavam dentro do castelo, representado com o apogeu da universidade, não se têm sabido abrir ao exterior do castelo, isto é, à cidade e assiste-se à decadência que é patente de Coimbra e da sua região. É preciso que se crie uma área metropolitana como nós nesse mesmo livro defendemos. Para que Coimbra não seja considerada – como está a sê-lo – como um apeadeiro do desenvolvimento do país. Só assim se poderá entender a subordinação da cidade à universidade, que ao ser considerada pela UNESCO como Património da Humanidade, o tenha sido apenas a Alta e a Rua da Sofia.
Será esse o comportamento que criou e obstaculizou o desenvolvimento da Cognitaria ao serem os partidos locais que impediram a aprovação de Medicina? Até num deles foi votado, resultado dessa votação que foi seguida pelo Presidente da Comissão de Avaliação. Da Comissão de Avaliação faziam parte um sueco, um inglês e um americano e de Portugal, o professor Sobrinho Simões (Prémio Pessoa) e o neurocirurgião Lobo Antunes. Respondi a todas as perguntas que me fizeram e um membro americano que regressou a Lisboa na companhia do professor Brás de Oliveira, sócio fundador, disse: “O curso não é aprovado porque quem presidia disse haver médicos a mais.” Posteriormente importaram-se médicos cubanos. Disse mais: “Fiquei altamente impressionado com o reitor, gostaria de falar mais vezes com ele.” Se esse curso tem sido aprovado e insistiremos para que venha a ser aprovado! – teríamos médicos capazes de exercer a sua profissão em todos os países e continentes, sejam quais forem os meios de que dispõem, e não médicos apenas capazes de exercer a sua profissão com os meios de que dispõem no 1º mundo, em que sem raio-X, TAC, ressonância magnética nuclear e medicina nuclear não se atrevem a afirmar um diagnóstico e a indicar uma terapêutica, porque a medicina que são obrigados a praticar é uma medicina defensiva porque os legisladores pairam no céu julgando que os cidadãos (que em boa verdade não são cidadãos porque cuidam mais dos direitos do que dos deveres) são santos ou anjos, porque fazem as leis e não avaliam as suas consequências, e assim a medicina ficará pelo menos metade do custo actual. Por esta razão imperam as restrições mas enaltecem-se as estatísticas, mas das estatísticas não consta a satisfação dos doentes.
Espero que a subserviência da cidade termine e conto com o apoio da cidade para que a Cognitaria – que preconiza um tipo de ensino diferente (global) – seja implementada, para que todos tenhamos emprego e não sejamos mendigantes ou pedintes.

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