TEOTÓNIO CAVACO

Das palavras que mais ou menos recentemente entraram no nosso quotidiano, há uma que me causa alguma irritação, uma vez que, sendo de origem inglesa, parece terminar de forma mais francesa; e, apesar de se escrever com as vogais “ou”, a sua pronúncia correta é “vautcher” ou “vaucher”…

Falo obviamente dos “voucher”, que são títulos, recibos ou documentos que comprovam o pagamento e o direito a um serviço ou a um produto – ou seja, significam “atestar”, “confirmar”, por isso a palavra “voucher” remete para um documento comprovativo, uma declaração de que um serviço foi realizado ou de que uma despesa foi feita.

Estes documentos estão sobretudo na moda entre agências de viagens, reservas de hotéis, passagens de avião, restaurantes, aluguer de carros, etc., mas, de uma forma virtual, são-nos oferecidos, talvez impercetivelmente, por cada vez mais indivíduos e Instituições, atestando e confirmando que pagamos, afinal, um cada vez maior valor por serviços e produtos com cada vez menor qualidade, perfeição e rigor.

Assim, é cada vez maior o fosso entre as promessas que nos fazem na altura de assinar o contrato e o serviço prestado ao longo da sua duração, já para não falar de quando, cerca de meia dúzia de meses antes da respetiva renovação, nos inundam de promessas e nos prometem que, com a fidelização, ainda teremos mais vantagens e que agora é que vai ser!… Pronto: tinha prometido aos meninos que hoje não falava de política!…