O problema de Coimbra não é o facto de uma empresa global, aqui nascida, ter aberto escritórios noutra cidade portuguesa. Isso é só lógico e um pragmático ato de gestão. O problema é Coimbra não ser entendida como o sítio certo para estar e para ser a base de uma operação global, ou sequer nacional, porque não é vibrante, porque não tem recursos disponíveis, porque não se preparou para o investimento, porque nem sequer entende as necessidades de quem investe, porque não está organizada e porque não é vista como uma mais-valia.
Coimbra parou no tempo, há muito tempo. E habituou-se a essa apatia. É muito crítico que possa não ser entendida como o sítio certo para estar. É fundamental para o seu futuro que trabalhe e desenvolva os argumentos para alterar essa perceção.
Se insistir em soluções do passado que não entendem o mundo, continuará a perder-se e a não inverter o rumo.
O que comunica, e comunica muito, são frases deste tipo:
“Temos muito orgulho de estar no centro de uma cidade tão bonita e tão vibrante”, dita por Gonçalo Quadros, CEO da Critical, na abertura de novos escritórios no Porto. Rui Moreira realçou essa frase, e muito bem, porque é um exemplo do melhor que se pode ouvir sobre a sua cidade e sobre o trabalho que tem vindo a desenvolver.
Insisto. O que temos pela frente exige uma mudança radical e até geracional com o passado. Exige um concelho aberto ao mundo, realista, pragmático, que é capaz de subir a um lugar alto, olhar em volta e identificar friamente e sem medo as suas dificuldades, perceber bem as suas potencialidades, de forma a definir uma estratégia de médio e longo-prazo e organizar uma equipa capaz de a realizar. O que está em causa é debater tudo isto e encontrar os melhores projetos e as melhores pessoas.
Ser uma cidade vibrante tem muito a ver com o seu ambiente cultural, pois isso é essencial para motivar o investimento, para atrair empreendedores e para gerar atividade económica, fornecendo razões objetivas a todos aqueles que procuram locais diferentes e diferenciadores. O retorno do investimento na cultura é assim indireto e de médio e longo prazo, tendo adicionalmente um forte impacto na identidade de uma cidade/região. A história, a memória, as relações sociais, etc., são o tecido de base da identidade de uma cidade/região, mas um ambiente cultural excitante projeta-a no futuro e reforça a ideia de local vivo, ativo e que se preparou para ser mais-valia.
Fechar os olhos; Fulanizar os problemas, isto é, pensar que o que observamos se pode atribuir a este ou aquele individuo ou ser resolvido na mesma lógica; Reduzir tudo isto a dinâmicas partidárias ou de pequenos grupos, dispersando o contributo de uma imensa quantidade de pessoas nas várias áreas de atividade, é insistir na receita que nos conduziu até aqui.
É urgente repensar Coimbra. O ambiente cultural de uma cidade/região – necessariamente diversificado e vibrante – é também essencial para motivar o investimento, para atrair empreendedores e para gerar atividade económica, fornecendo razões objetivas a todos aqueles que procuram locais diferentes e diferenciadores. O retorno do investimento na cultura é assim indireto e de médio e longo prazo, tendo adicionalmente um forte impacto na identidade de uma cidade/região. A história, a memória, as relações sociais, etc., são o tecido de base da identidade de uma cidade/região, mas um ambiente cultural excitante projeta-a no futuro e reforça a ideia de local vivo, ativo e que se preparou para ser mais-valia.
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