Opinião: Ouro, incenso e mirra

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Gil Patrão

Quando, no final do ano passado, o líder do anterior governo alertou para a “magna” questão da “vinda dos Reis Magos”, na tentativa vã de fazer esquecer anteriores previsões suas sobre a iminente “chegada do diabo”, logo houve um corrupio frenético de notícias, provando a ligeireza dada ao tratamento da política nacional, e a falta de notícias mais sérias e importantes.

Por enquanto, os que criam opinião pública não contestam a “geringonça” pelo mérito que o primeiro-ministro demonstra sem dúvida ter, pelo que o governo está de pedra e cal, mesmo que se duvide do acerto de algumas medidas, como a reposição de quatro feriados num país que tem de crescer, pela via das exportações, para gerar maior riqueza, que ajude a diminuir dívidas e a afastar tanta pobreza, o que nos obriga a produzir mais, e a sermos muito mais competitivos.

Ouro, incenso e mirra, são ofertas de reis magos. Mas, como os nossos políticos não são magos, nem sequer alquimistas, não temos ouro bastante para pagar despesas, pelo que a dívida pública cresce sem parar. Pau de incenso há nos Açores, mas daí só veio um César mago, para ajudar, com magia, à manutenção de peculiar triunvirato (os “verdes” são apenas “vermelhos veros”…) num país onde existe, quase sempre, a mais dolorosa falta de elementar senso político, pelo que, fruto de muitos dislates políticos, esta nação mirra de novo, por não haver crescimento capaz!

Muitos julgam reais as melhorias enxergadas na economia, mas sem investimento público, pela necessidade de cumprir os défices impostos pela U.E., e descrendo os empresários tanto do futuro deste país que evitam nele investir, ter-se-á de convir que essa animação resultará mais da troca de riqueza interna, do que da captação de riqueza externa… São “pormenores” que passam despercebidos, pela continuada propaganda de quem tanto incensa quem agora nos governa…

Não interessa dividir o país entre esquerda e direita, nem dizer que uns são deuses e outros trazem o diabo, por tal não corresponder à verdade. O ano que findou confirmou que o país é comandado de fora, governe quem governar, parecendo os nossos políticos mais representantes, que governantes! Mas não se devem menosprezar factos económicos que comprometem o nosso presente e futuro, como, por exemplo, a diminuição do investimento público e privado, a falta de confiança dos mercados externos e dos empresários no país, a menor captação de poupanças das famílias, e o crescimento incessante de impostos indiretos e taxas que não têm fim previsto.

Passados o Natal e o fim-de-ano, iremos agora celebrar o dia de reis. Costume antigo, que sobrevive nestes tempos modernos, e que lembra o tributo devido a uma nova esperança. Quem dera que neste país possa haver, de novo, lugar a uma redobrada esperança. Esperança de que exista senso político bastante para evitar maiores desvarios. Esperança de que, seja quem for que governe, governe para bem do país. Esperança de que as mais gritantes desigualdades, que crescem sem fim, encontrem por fim um fim. Esperança de que os jovens tenham empregos a sério, e não subempregos e estágios pagos por impostos. Esperança de que aumente a dignidade de vida dos idosos, que tanto labutaram um dia para poderem aspirar a um resto de vida feliz!

No dealbar deste novo ano, há que acreditar que não teremos apenas eleições para o poder local, nem assistiremos só a formas cada vez mais engenhosas do governar à vista de Costa. Não se crê que haja um novo pântano, mas se um eventual lodaçal retardar ainda mais a marcha lenta do país, o governo não seguirá o exemplo de Guterres. É que os “António (s) ” não são iguais…

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