Labor omnia vincit improbus (o trabalho perseverante vence todos os obstáculos).
Assim terminava o texto da proposta do “plano de ampliação e aformoseamento da cidade da Figueira da Foz” que Baldaque da Silva apresentou no ano de 1913, já várias vezes citado nestas crónicas.
É certo que as suas ideias não tiveram grande provimento, certamente devido ao facto de o país se encontrar à época em grande crise relacionada com o iminente advento da guerra, mas não deixa de ser verdade que a sua citação deveria no mínimo inspirar os vindouros.
Vem esta a propósito da forma como a reorganização administrativa do país e, em particular do concelho, tem vindo a ser encarada pelos protagonistas políticos.
Tal “reforma”, da iniciativa do então ministro do governo anterior, Miguel Relvas, foi imposta às assembleias municipais, de cima para baixo, sob a ameaça de “ou te reformas assim…ou vai ser pior!” Sem pesquisas prévias, estudos sociológicos, etnográficos, de território e participação popular, que não estavam aliás ao alcance daqueles órgãos.
E o que fazem agora as freguesias? Pois, querem voltar atrás, simplesmente, assim, sem mais. Sem cuidar de exigir aos órgãos executivos o tal “trabalho perseverante que vence todos os obstáculos” que a Covilhã e Lisboa em devido tempo fizeram e que lhes evitou o cutelo daquela imposição governamental.
Dá trabalho? Pois o governo e as câmaras que o façam, que são quem dispõe dos meios! Mas com urgência.