Opinião: O estranho caso do Subaru

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Diogo Cabrita

Comprei em 2010 um Subaru e fui bafejado pelos amigos com surpreendentes elogios. Até o vendedor, um amigo famoso de Coimbra – o “Capim”.

– Isso é uma máquina!

– O motor famoso boxer diesel

– Carros japoneses são outra coisa!

Até me ocorreram histórias incríveis como um Lexus camuflado me mandar parar porque os polícias gostavam de ver aquele carro por dentro. Caramba, fiquei convencido e vaidoso. Os amigos do meu filho vinham espreitar a máquina estonteante e rara nas nossas estradas. O meu Subaru foi um sucesso em três anos de vida fácil.

Foi usado em autoestradas, era 4×4 para me evitar despistes, percorria tudo gastando razoavelmente. Fui então a uma oficina certificada, coloquei uma tecnologia recente de bifuel que inunda agora os diesel e só não inunda mais porque pedem 1800 euros por tudo. Maravilha! Gastou menos, andou melhor.

Em 2013 primeira surpresa: 130 mil quilómetros e necessidade de uma embraiagem. Ok. Vamos lá a isso. Estranhei, mas posso tentar engolir a justificação que envolvia até um pó de bacalhau que substitui a liga de amianto que a CEE acha que é cancerígena. Conhecem alguém canceroso com origem no pé da embraiagem? Enfim, preciosidades do princípio das cautelas que vai encarecendo o mundo e construindo mais lixos e mais nichos de negócios que terminam quando a fome ataca.

Em 2015, o carro funcionava bem e um amigo resolveu comprar-mo. Em Março de 2016, antes de lho entregar retomei o seu uso e ele começou a sofrer de HTA. Suspendi a venda (não engano ninguém e menos os meus amigos!). O problema seguinte foi que o meu Subaru teve um AVC na caixa de velocidades, ao quinto ano de uso cuidado. Solução? Transplante para resolver arritmias e extrassístoles constantes. Lá fizemos o transplante.

A bomba de 2010, com um custo de mais de quarenta mil euros era agora um tipo de muletas, transplantado, com rótulas novas, coração novo. Faltava fulgor. Agora sem garantia, consideradas avarias de uso ali estava eu com velhinho nos braços. Voltámos à estrada, com velocidades reduzidas, com passos calculados. Em 2016, com 210 mil quilómetros entrou em falência hepática. Avariou a cabota do motor.

O que é isso perguntei ao Google e vi uma estranha peça lá metida nas profundezas do motor. Coloquei-o no lar do Sr Miraldo, um exemplar funcionário da Nissan que tem a concessão do Subaru. Cuidam dele o Victor (chefe da Oficina), o Cunha (que não me tem valido como cunha) e os santos das latas e dos mecânicos.

Em boa verdade o carro Subaru Outback não vale nada de nada e as empresas que o transportam para Portugal são miseráveis e falidas. A “entreposto” nunca me respondeu, a Fuji Industries nunca me explicou a desqualificação tecnológica e mecânica deste carro e nunca teve a simpatia de responder às cartas que lhes enviei e a própria Nissan que me deu o carinho possível não conseguiu entender-se com a trágica vida do Outback.

Devo confessar que até tentei os auspícios da embaixada do Japão que me ligou à terra. Estas minhas cartas parem-lhe ridículas? Não são! A FIAT em 1999 mandou-me de Itália um engenheiro para perceber o que se passava com o motor de uma Multipla que me causou transtornos, deu-me razão, pagou o arranjo e o FIAT ainda anda por aí.

Aqui falamos de empresas mal dimensionadas e mal geridas, de gente que dá pouca importância ao desapontamento do cliente. A Nissan carece de melhor direcção e de outra capacidade de resposta que os seus funcionários estão longe de poder fazer. Um cliente decepcionado são mais de dez carros que são desaconselhados! Perdoe-me a Morais e Morais mas tinha que desabafar.

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