Opinião: Dívida

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Serpa Oliva

Porque é um problema que a todos nos preocupa, gostaria de partilhar convosco os dados do EUROSTAT, que apontam para que a nossa dívida, que se fixou em 133,4% do PIB, no 3º trimestre de 2016, fez com que Portugal apresentasse a segunda maior marca de défice da UE.

Os últimos dados revelam que a mesma foi das que mais subiu em relação ao trimestre anterior e em face ao período homólogo, isto tudo, em contra ciclo com o que se passa no conjunto da zona euro e da UE.

Confesso a minha estranheza pela forma optimista como o nosso Presidente da República se apresentou perante as câmaras de televisão, sem que alguma vez tenha referido, não só este dado, como também o facto de termos taxas de juro a dez anos, que ultrapassam os 4% e que nos trazem, seguramente, problemas acrescidos

Tem-se falado muito na renegociação da dívida que, se por um lado poderia trazer-nos indiscutíveis vantagens, por outro criaria certamente nos mercados sinais de alerta com consequências absolutamente imprevisíveis.

Pensamos ser absolutamente necessário um acordo de regime para, de uma vez por todas, podermos encarar esta situação com alguma esperança, pois o que temos vindo a notar nos últimos anos é um avolumar de dívida que nos parece quase incontrolável.

Não basta saber que o défice baixa pela primeira vez em muito tempo a barreira dos 3% e o desemprego atinge valores a rondar os 10%, para com isso justificarmos tudo aquilo que, de alguma forma, o Governo veio conseguindo, devendo por tal ser louvado.

Sou, como sabem, um optimista por natureza e feitio, mas reconheço que com a crise bancária que atravessamos estamos a enveredar por caminhos cada vez mais difíceis de percorrer.

Veja-se o caso de hoje onde será votada no Parlamento a descida da TSU para compensar as empresas no que concerne ao facto já assente da subida do ordenado mínimo para 557€. Como é possível que, sem o acordo com os restantes partidos, nomeadamente aqueles que dão maioria ao Governo, se tenha chegado a uma situação destas? Onde está afinal o diálogo essencial para que o referido Governo se pudesse comprometer perante os parceiros sociais? Critica-se o PSD como se o mesmo fosse responsável, quando nem sequer foi consultado para se saber se estaria disposto a votar ao lado do Partido Socialista uma medida com esta dimensão.

Mais uma vez não houve diálogo e decidiu-se unilateralmente, sem medir as consequências.

Queremos acreditar que se o bom senso imperar, e o sentido de Estado falar mais alto, poderemos ter um 2017 em que a esperança voltará a renascer.

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