Cegos “sentiram” o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha

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Ainda se lembra das cores, da luz a rasgar a escuridão, do rosto de amigos e familiares. Até aos 17 anos, Lucinda Queimadelas conseguia ver o mundo. “Nasci com glaucoma e ceguei quando ainda era jovem”.

Nesta quarta-feira, Lucinda, de 57 anos, foi “ver” o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Melhor: foi senti-lo. “Consigo tocar nas peças, sentir-lhe as formas, mas não imagino como será…”
A iniciativa resultou de uma colaboração entre a direção do mosteiro e da delegação de Coimbra da ACAPO – Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal. Simbolicamente, a sessão realizou-se no dia em que se assinalaram os 207 anos do nascimento de Louis Braille, o inventor da linguagem tátil que permite a leitura aos invisuais.
Ao DIÁRIO AS BEIRAS, Manuela Fonseca, da coordenação do mosteiro, assumiu a importância de aprofundar as medidas de inclusão que conferem à instituição um papel de relevo, no plano da responsabilidade social, mas que servem também para a captação de novos e diferenciados públicos. Esta foi apenas a primeira de muitas outras iniciativas que vão decorrer ao longo do ano.
Celsa Santos, de 43 anos, também participou na visita de ontem enquanto formanda do Departamento de Apoio ao Emprego e Formação Profissional da Delegação de Coimbra da ACAPO.
Ainda consegue ver, mas uma retinopatia diagnosticada há 10 anos começou a tolher-lhe a visão. Sabe que um dia vai ficar cega e, por isso, já está a preparar-se para encarar o mundo quando ficar invisual.
“Já perdi um pouco da minha vida: deixei de trabalhar, de conduzir… Ações como esta são importantes porque sentimos que não somos postos de parte”, disse.

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