Sindicato fala em 100%, mas a câmara minimiza impacto

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FOTO DB/LUÍS CARREGÃ

A greve dos trabalhadores da recolha de lixo da Câmara de Coimbra, que terminou ontem, registou níveis de adesão próximos dos 100%, segundo o sindicato, mas a autarquia apresenta uma versão que minimiza o impacto da contestação.

“A cidade está entupida de lixo e os contentores estão a transbordar”, disse à Lusa o sindicalista Aníbal Martins, indicando que “só sete trabalhadores” compareceram ao serviço, no primeiro dia da greve, sexta-feira.

Frisando que “é de respeitar a sua decisão”, Aníbal Martins, da direção regional de Coimbra do STAL – Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, acrescentou que a adesão à greve, entre sexta-feira e ontem, rondou os 100%.

O pré-aviso de greve “só abrangia os 100 trabalhadores” do serviço de recolha de resíduos sólidos urbanos, esclareceu, demarcando-se da contabilização da câmara municipal, que faz um balanço da adesão à greve com base no total de trabalhadores da Divisão de Ambiente, afirmou o sindicalista da CGTP.

“Fazemos um balanço muito positivo” dos quatro dias de greve, sublinhou. Ainda de acordo com Aníbal Martins, a adesão foi de 95% no primeiro turno de trabalho, na sexta-feira, entre as 08H30 e as 16H30, mas atingiu os 100% no sábado e ontem.
“As nossas reivindicações são mais do que justas e de unidade dos trabalhadores”, defendeu.

À Lusa, o vereador da Câmara Municipal com o pelouro do Ambiente, Carlos Cidade, desvalorizou o impacto da greve em termos de adesão e de acumulação de lixo na cidade. “Há zonas onde se nota mais”, com acumulação de sacos de detritos nos contentores, sobretudo onde existem restaurantes e outros estabelecimentos do setor alimentar, referiu.

Os números da autarquia

O vereador do PS Carlos Cidade, antigo líder da União dos Sindicatos de Coimbra, disse que ontem deveriam estar ao serviço 102 trabalhadores da recolha do lixo e que 41 fizeram greve, tendo os trabalhadores gozado o feriado de Ano Novo.
Na sexta-feira e no sábado, a autarquia registou adesões de 21 e 18 operários, dos cerca de 83 e 23 que deveriam trabalhar nesses dias, respetivamente.

O STAL explica, numa nota divulgada na semana passada, que os trabalhadores reclamam o pagamento de 3,5 horas semanais “feitas a mais” durante seis anos (desde 2007 a 2012) e o gozo de dias de folga “acumulados desde 2004” e que a Câmara de Coimbra “insiste em reter, não lhe reconhecendo o legitimo direito”.

O sindicato exige ainda a manutenção do serviço público de recolha de resíduos urbanos e a “contratação de mais trabalhadores e aquisição de viaturas e equipamento de trabalho”, o direito à marcação de férias “de forma igual para todos os trabalhadores” e manifesta-se contra “a diminuição do número de dias de férias para os trabalhadores por turnos”.

A greve, que começou às 00H00 de sexta-feira e terminou às 24H00 de ontem, é ainda justificada pela exigência de melhores condições de higiene e segurança no local de trabalho, melhor e mais fardamento, melhores balneários e consequentes meios de apoio à laboração daqueles serviços camarários.

O STAL culpa a anterior gestão camarária da coligação PSD/CDS-PP pelo “grave problema” que afeta estes trabalhadores, mas também o atual executivo, liderado por Manuel Machado, que “manteve e alimentou este problema”.

O sindicato lamenta que a Câmara, já com o socialista na presidência, tenha recorrido de uma sentença judicial favorável aos trabalhadores, “negando aquilo que disse na oposição e na campanha eleitoral, que deveriam ser repostos os direitos” dos trabalhadores.

“Não há forma de solucionar isso. A Câmara tem de cumprir as sentenças judiciais”, respondeu Carlos Cidade, recordando que o Supremo Tribunal Administrativo “não deu razão” aos trabalhadores quanto à primeira reivindicação, que inclui o pagamento de 3,5 horas semanais “feitas a mais” entre 2007 e 2012.

No entanto, para o sindicalista Aníbal Duarte, “já é mais do que tempo” de a Câmara Municipal solucionar este conflito laboral.

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