O “inédito” e a “diferença” levam a Santa Maria da Feira milhares de “sonhadores” por ano em busca de eventos temáticos como um parque natalício ou uma viagem medieval que os responsáveis dizem serem “completamente sustentáveis”.

O parque temático Perlim, dedicado ao Natal, atingiu 100 mil visitantes na última quarta-feira, ultrapassando a três dias do fecho o recorde absoluto que datava de 2014, com 81.142 pessoas. Já a Viagem Medieval, que em 2017 se realiza de 03 a 14 de agosto, registou este ano 600 mil visitas.

“O desafio constante é surpreender o público. O público só está disposto a pagar eventos diferentes. O que nos terá feito chegar a este patamar tem a ver com o ‘inédito’, com o efeito surpresa e com a preocupação em ter visitantes satisfeitos”, descreveu o diretor geral da empresa municipal Feira Viva, Paulo Sérgio Pais.

O responsável descreveu à agência Lusa um “processo evolutivo” que permitiu que os eventos se fossem tornando “100% sustentáveis”, criando dinâmicas económicas de emprego numa cidade que tem 18 mil habitantes.

“A Viagem Medieval [que completou 20 edições] e Perlim [nove edições] têm plena sustentabilidade económica. Não dependem de subsidiodependência, mas a Viagem, no início, não foi assim. Nos primeiros anos era totalmente dependente de subsídio municipal”, referiu.

Paulo Sérgio Pais acrescenta outro fator interessante: as animações, espetáculos e cenários de Perlim são feitos 100% por grupos locais, enquanto a Viagem Medieval junta cerca de 70 entidades de Santa Maria da Feira, 15 a 20 do resto do país e dois ou três grupos oriundos de Espanha e/ou França, que servem para garantir a dinâmica internacional do evento.

Mas os 12 dias de Viagem Medieval viveram nos primeiros anos com a animação promovida por grupos estrangeiros. Pelo menos 90% eram espanhóis.

“As entidades locais foram-se aprimorando, reforçando competências. Isto hoje permite que muitas entidades de Santa Maria da Feira – grupos de teatro, música e dança, mas também ligados à cenografia, serralharia, carpintaria e efeitos especiais – proliferem pelo país a fazer performances, a participar nas mais diversas atividades e mesmo no estrangeiro”, descreveu o responsável.

Em média cerca de 50 mil pessoas “viaja” por Santa Maria da Feira no verão para assistir a espetáculos medievais, comer em tasquinhas em que o barro impera ou desfilar trajes de reis e rainhas.

Já Perlim, parque presidido pelo Pai Natal, onde não faltam os trenós, duendes, renas ou animais polares da Lapónia, recebe por dia cerca de 7.000 pessoas.

A cidade tem como “ambição”, referiu Paulo Sérgio Pais, “conquistar cada vez mais visitantes”, mas sem colocar em causa a segurança nem o usufruto dos “sonhadores”, pelo que foram sendo criadas condições por exemplo relacionadas com o estacionamento ou com as casas de banho, mas a organização não consegue mudar estradas.

O futuro poderá passa, portanto, por prolongar no tempo os “happenings”: “Prolongar por mais dias o trabalho e as despesas, mas também o retorno económico. É muito mais interessante ter 100 mil pessoas em 20 dias do que 100 mil pessoas em dois dias”, concluiu.