“Foi fácil voltar. É o meu clube, a minha cidade e era um objetivo meu regressar um dia”

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Como foi regressar este ano à Académica?
Foi uma decisão fácil de tomar. É o meu clube, a minha cidade e era um objetivo meu poder regressar um dia.

Que significado teve o golo que marcou na 1.ª jornada frente ao Olhanense?
Não podia pedir um regresso melhor do que aquele. Estava uma moldura humana fantástica e foi o primeiro golo do campeonato pelo meu clube, ajudei a Académica. Foi fantástico.

Que diferenças encontrou (além do clube estar na 2.ª Liga) na Académica?
Houve algumas mudanças em termos diretivos, está na 2.ª Liga mas basicamente a estrutura e as pessoas que gostam da Académica e que aqui trabalham há vários anos continuam a ser as mesmas. Vi uma paixão maior à volta do clube, com uma vontade enorme de voltar para onde merece, que é a 1.ª Liga.

A união é o segredo deste grupo que, refira-se, não começou o campeonato da melhor forma?
Desde início aconteceram muitas mudanças, com muitos jogadores novos, uma realidade diferente. Penso que foi um choque pois muitos jogadores vinham habituados a 1.ª Liga, tivemos um início algo irregular. O mesmo sucedeu ao nível das exibições. Com o decorrer do tempo fomos consolidando a ideia do mister e em termos de grupo foi seguramente um dos melhores grupos que apanhei. Estamos todos com a mesma forma de pensar, a querer ajudar a Académica ao máximo e poder colocar o nosso nome também na história do clube.

Os jogadores que chegaram esta época já perceberam o que é a Académica, e que é um clube diferente?
Sim. Eu acho que muitos, no início, não tinham a noção que vestir esta camisola e representar a Académica era diferente. Porque é realmente diferente. Penso que as coisas não nos estão a correr de uma forma perfeita, porque se estivessem a correr como todos desejaríamos de certeza que já tinham sentido ainda mais essa diferença e que realmente é diferente. Mas já vão percebendo.

O que tem faltado, aos avançados, para que a equipa seja mais concretizadora?
Nalguns aspetos, e em certos momentos, faltou alguma qualidade da nossa parte. Sei que a temos, porque trabalhamos sempre nesse sentido, de ser melhores no jogo jogado e a finalizar. As coisas não têm acontecido da melhor forma mas tenho a certeza que as coisas vão melhorar porque a equipa trabalha bem e nós trabalhamos bem. Vamos, certamente, dar a volta por cima disso.

Entende-se bem com o Tozé Marreco?
Sim. Eu sou ponta de lança, mas sempre que jogo com ele tenho sempre uma preocupação mais defensiva pois fica ali muito espaço no meio e eu nunca jogo mesmo lá na frente. Mas acho que nos jogos em que atuei nas costas do Tozé foram partidas bem conseguidas. Entendo-me bem com ele.

Já conhecia o Costinha? Como tem sido trabalhar com ele?
Como pessoa não conhecia e como treinador muito pouco. Tive colegas que já tinham sido treinados por ele e que me deram indicações. Vim a poder comprovar isso. É muito bom poder trabalhar com alguém que foi um jogador de topo, que nos percebe e que, acima de tudo, gosta de jogar. Muitas vezes diz-nos que é normal as coisas não estarem a sair, que as pessoas são impacientes e que querem resultados rápidos, o que é normal, mas para sermos pacientes e mantermos a nossa personalidade. Para que possamos continuar a jogar o nosso jogo, de pé para pé, com posse de bola. Para um jogador é muito aliciante. Em todos os jogos temos sempre muito mais posse de bola do que os adversários e estamos sempre muito mais próximos de ganhar o jogo.

O que pode dizer dos adeptos até esta altura? Sentem o apoio deles?
Eu mesmo estando de fora vinha muitas vezes assistir aos jogos. Sou de Coimbra e sou da Académica. É inquestionável que existe uma diferença em termos de paixão e de amor pelo clube, as pessoas estão mais entusiasmadas. Por vezes deixam-se abater um pouco até pela intermitência dos resultados no início da temporada. Mas, as pessoas têm vindo ao estádio com mais vontade e mais paixão.

Há duas épocas lesionou-se com gravidade e esteve mais de um ano fora. Pensou acabar a carreira?
No início não. A primeira vez que fui operado não, pois nunca tinha tido uma lesão na minha carreira. Aos 30 anos tive uma lesão gravíssima, rompi os ligamentos cruzados e mentalizei-me que não era o único, que não era o primeiro e que não seria o último. Tinha que me focar, como todos os outros companheiros fizeram, para me tratar e voltar o mais forte possível. Foi isso que fiz mas depois, passado algum tempo, e com os últimos exames para voltar a fazer trabalho de campo, verificou-se que tinha muitas debilidades e que para fazer uma vida normal dava, mas para voltar a jogar não. Para jogar mais tinha de ser intervencionado outra vez e começar tudo do zero. Foi isso que optei, pois queria continuar a jogar. Quando saí da segunda operação deixei-me abater, pois não tinha sido por minha culpa e tive uns momentos em que pensei deixar, mas depois a paixão pelo futebol falou mais alto.

A recuperação foi feita na Académica. Aqui o Rui sente-se em casa?
Claro. Eu sou daqui, nascido e criado, comecei a jogar com 10 anos, o meu primeiro contrato profissional foi aqui. Dos 10 aos 23 anos foi sempre aqui, depois fui para o estrangeiro, voltei e ganhei uma Taça de Portugal. Estando aqui a recuperar (também estava a recuperar no Centro de Reabilitação de Coimbra) tive o apoio do Dr. Pedro Saraiva e do Joaquim Paulo que me ajudaram muito. E quando tinha de voltar para o campo estando aqui falei com as pessoas e foi fácil.

 

Entrevista completa na edição impressa

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