A época natalícia costuma ser uma das melhores alturas de faturação na baixa de Coimbra, mas, apesar de algum movimento registado, os comerciantes temem que esta possa ser uma destas piores épocas dos últimos anos.
Falta menos de uma semana para a ceia de Natal e José da Costa, de 85 anos, lê os jornais locais no balcão da ourivesaria onde trabalha há 73 anos. “O Natal não chegou. Se tivesse chegado, não estaria a ler o jornal a esta hora”, diz à agência Lusa o ourives com loja na Ferreira Borges.
O tempo até “está bom”, nota, mas a falta de dinheiro dos portugueses e a concorrência das grandes superfícies não tem ajudado ao negócio. “Dá a sensação de que não há Natal, que não há movimento, nem vendas”, sublinha, recordando-se dos tempos áureos da baixa de Coimbra que, por esta altura, “quase que era preciso pedir licença para passar”.
Já Francisca Moreira, sócia da loja de roupa Gang of Four, na Visconde da Luz, refere que houve “uma quebra grande a nível geral” em 2015 e que este ano deverão registar “a mesma faturação do ano passado”.
No entanto, se em 2015 não havia movimento, por falta de animação, este ano, com animação na baixa, tem “estado mais gente” a passar por esta zona da cidade, constatou, referindo que, apesar do aumento de movimento, na sua loja esse fluxo não se tem traduzido em vendas.
“A programação que temos este ano é diferente do ano passado e as pessoas estão satisfeitas com a animação, mas as compras não são aquelas que seriam esperadas”, referiu à Lusa o presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, Vitor Marques.
Numa altura em que é registado um regresso aos centros em Lisboa e no Porto, Vitor Marques está otimista de que tal também possa acontecer em Coimbra, mas “mais devagar” do que desejado, esperando que o próprio incremento de turistas ajude a alavancar esse retorno. “É a crise económica e a crise da baixa”, explana Horácio Mendes, proprietário de um pronto-a-vestir na Praça 8 de Maio, que está a registar este ano “um dos piores natais” desde 1969 – ano em que passou a gerir o espaço.
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