Em menos de um ano, haverá eleições para as (demasiadas) autarquias portuguesas. Os partidos políticos já se movimentam, não para escutar o que cada população deseja que aconteça na sua terra, mas, mais prosaicamente, para escolherem os que julgarão ser os “seus” melhores candidatos para vencerem tais eleições. Decidi participar ativamente no processo, não porque me vá candidatar a qualquer lugar, mas por querer despertar consciências cívicas, pelo que este é o primeiro texto com o meu modesto contributo, sobre o que devemos melhorar em Coimbra.
Numa radiosa manhã de sábado dum outono encantador, fui passear pelo “Choupal”. Vi que não está descuidado, mas precisa de ser revivificado! É que esta Mata Nacional, inserida de há muito no perímetro urbano de Coimbra, deveria ter evoluído muito mais do que aconteceu após a Revolução de Abril. Notei que removeram árvores derrubadas pelo peso da idade, e que há tímidos avanços na reflorestação duma mata recente, que foi criada para ajudar a controlar os desmandos dum Mondego que ainda agora, apesar das obras hidráulicas das últimas décadas, passa do remanso estival à fúria destruidora de certas invernias. Reparei que faltam mesas e bancos ao longo dos caminhos, bem como zonas de repouso e leitura, e outras coisas simples!
No início do passeio, junto à velha Fábrica de Massas Miranda, agora Serviço do Ministério do Ambiente, percorri a primeira fase da Mata, que os peritos consideram mais vulnerável, porque mais estreita, e notei que o acesso está muito descuidado e nada atrativo, até se passar por baixo da Linha do Norte, pelo que deve ser melhorado com árvores de crescimento rápido, que tornem aprazível aceder ao coração da Mata. Logo após a primeira ponte de madeira, há velhos parques de estacionamento de veículos motorizados que já não podem circular no Choupal, o que é de aplaudir, que podem ser convertidos em parque infantis que, parece impossível, na Mata não há!
Prossegui pelo caminho principal, que agora é pedestre, ciclista e em parte equestre, mas ao longo de largas centenas de metros não há um banco, por mais rústico que seja, em que os mais idosos possam descansar um pouco, antes de progredirem numa mata que, mais para oeste, mostra a quietude dum local singular, a beleza da natureza e o encantamento de ter, às portas da cidade, um lugar sublime para espairecer as mentes, enquanto se respira um ar muito mais puro.
Passei pelo Parque de Merendas, dotado de antiquado bar, e pela Zona Desportiva, que tem campos de ténis e pouco mais. Muito pouco, para atrair a juventude e a restante população da cidade. Não há campos de futebol, seja de 5 ou 7, nem zonas de jogos tradicionais, nem sequer há, junto ao rio, piscina, arremedo de praia pluvial, cais para barcos e zonas de pesca desportiva!
Regressei pela margem direita do Mondego – que por vezes ouvi sem conseguir ver, tamanhos são os matagais que toldam as vistas e nos afastam dele – e notei que há três zonas em que se escuta o suave rumor das águas revoltas pelas pedrarias existentes no leito de tão cantado rio, onde apetecia que miradouros houvesse… Bancos, seja para ler ou repousar, também não há por ali, e desespera que, talvez por parcos orçamentos estatais não permitirem limpar aquela margem, da Mata não se veja a beleza do rio para o qual foi criada, mas ao qual volta as costas…
Sem parques infantis e com falta de bancos, mesas e miradouros, este Choupal não é para crianças, nem para velhos! Desafiemos pois os partidos políticos que concorrerão às autarquias de Coimbra a devolver o Rio ao Choupal, e este à cidade! Qual deles estruturará uma “PPP” (Parceria Pública / Pública) virtuosa, entre o Estado e a Câmara, que permita a esta autarquia vir a dotar a Mata do Choupal de muitos mais equipamentos simples, que bastante a valorizarão?