Máquinas de costura mostram em Coimbra emancipação da mulher desde o século XIX

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Fotografia de Carlos Jorge Monteiro

Fotografia de Carlos Jorge Monteiro

 

O investigador Manuel Louzã Henriques, dono de uma coleção de máquinas antigas de costura apresentada quinta-feira, em Coimbra, destacou o contributo deste utensílio na emancipação da mulher e na “democratização do vestuário” desde o século XIX.

“À descoberta da máquina de costura, devemos uma democratização do vestuário e também um fortíssimo impulso na emancipação da mulher”, quer da cidade, trabalhando em fábricas de tecelagem e manufatura, quer também nas zonas rurais, disse o etnólogo e médico psiquiatra à agência Lusa.

Integrando esta atividade na economia familiar, “a mulher do povo fazia muito do que lhe era necessário em casa, podia vender este trabalho aos seus vizinhos”, acrescentou.

Louzã Henriques afirmou que a máquina de costura permitiu “muitas vezes” a profissionalização das utilizadoras, que se tornaram costureiras e modistas um pouco por todo o mundo.

“Isto permitiu-lhe uma confortável independência económica, assegurando-lhe sobrevivência, independência e até estatuto social”, refere no catálogo da “Exposição de máquinas de costura. Meados do século XIX – Fins do século XX”, inaugurada hoje pela editora Lápis de Memórias, com apoio do centro comercial Atrium Solum, numa sessão em que intervieram Louzã Henriques e o editor Adelino Castro.

O colecionador proferiu uma conferência subordinada ao tema “Parras, peles, fibras e pelos – Da capa de S. Martinho aos vestidos de noiva”.

A parra de videira, que o mito popular identifica como uma das primeiras formas de cobrir o corpo, ou apenas parte dele, neste caso os órgãos genitais de Eva e Adão, segundo a Bíblia, e a capa que o militar Martinho de Tours, mais tarde considerado santo pela Igreja Católica, partilhou com um mendigo, no século IV, foram dois dos episódios evocados por Louzã Henriques para contar a evolução do vestuário desde a Pré-História.

As peças de vestuário, incluindo chapéus, calçado e outros adereços, foram usados por homens, mulheres e crianças, ao longo dos milénios, para proteger o corpo do calor e do frio ou como expressão de “pudor e estatuto social” e económico, explicou à Lusa.

Louzã Henriques recordou que a história da máquina de costura teve início em 1830, quando o alfaiate Barthélemy Thimonnier concebeu o primeiro modelo, em França.

Deve-se a Thimonnier “a primeira destas máquinas bem conseguida”, para dar resposta a uma encomenda de fardamento do exército francês.

Temendo perder o trabalho, os outros alfaiates, seus concorrentes, “destruíram-lhe as máquinas, obrigando Thimonnier a fugir para Inglaterra”, para não ser morto.

“Ele regressou mais tarde a França, bastante pobre, e acabou por morrer na miséria”, disse.

 

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