Opinião: Agonia do País (es): Dia da Faculdade de Medicina

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Norberto Canha

Norberto Canha

Percorri, embora apressadamente, o Polo da Saúde da Universidade de Coimbra. Obra iniciada mas longe de estar terminada!
Desde logo vamos a apontar os gravíssimos defeitos, não por culpa da Faculdade, creio eu, mas do sistema – desculpem se erro – não terem pedido opinião aos que lá trabalham e trabalharam. Se assim fora as responsabilidades das deficiências caberia na íntegra aos docentes da Faculdade de Medicina. Vem-me à memória que quando se iniciou a construção da Faculdade de Medicina do Polo I, foi no ano em que cheguei a Coimbra, para me iniciar como caloiro, na arte de Hipócrates. Contava-se que quando o Reitor Professor Massimino Correia, mostrou a planta à Senhora Maria, empregada de limpeza, pessoa carinhosa, ela terá dito “ Está tudo tão bonito mas não há um cantinho para aquecer o almoço”. Foi ouvida e esse cantinho foi feito.
Do que me foi possível observar, e pelo que já tenho ouvido, as condições da nova Faculdade são francamente piores do que as da Faculdade que se deixou.
Reparem nas bombas de gasolina à entrada! Quando era Diretor do Hospital falaram-me desse desejo e disse: “ Nem pensar!” São as Bombas, o Átrio do Polo II.
E para estacionar? Tive que deixar o meu carro e a pagar, no estacionamento por detrás do edifício do Hospital Pediátrico. Ainda vou andando, mas vir para a Faculdade e regresso, estava um pouco de calor, não me afligi por me queixar do coração mas por transpiração.
Será que a rapaziada e mulherada da minha e mais próxima idade não deveriam ter estacionamento privilegiado naquele espaço, que espaço já não tem? Os que lá trabalham são capazes de perder meia a uma hora todos os dias para conseguir estacionar o carro.
Será o presente a cortar relações com o passado? Será por ser incómodo?!
Vamos para o Salão Nobre da Faculdade, assim o designei e designo, o Anfiteatro Principal e, tirando o som e a imagem fica muito aquém dos da antiga Faculdade. Tem que se descer as escadas amparados, de contrário sucede como uma jovem que caiu e se levantou de imediato – ainda tinha reflexos!
Mas escorregou só que não caiu alguém de mais idade e não aconteceu por que foi amparado. Quanto a mim tinha que olhar atentamente para o chão, não escorreguei nem cai, porque um colega mais novo insistiu em me dar a mão. E que cautelas estava a ter! Não havia um corrimão!
Será que as novas construções já são feitas para arredar os velhos e antecâmara da eutanásia em que tanto se fala!
Deixamos-mos de lamúrias e vamos ao que interessa. Considero de grande qualidade as intervenções do Diretor da Faculdade Professor Duarte Nuno Vieira, do Professor Jubilado Alfredo Mota e, em que se incluía os Professores Catarina Resende de Oliveira, Antonio Paiva, Carlos Sofia; Diretor Clinico dos CHUC, Professor Pedro Figueiredo em representação do Presidente; dos alunos de Medicina e Medicina Dentária; da Professora Filomena na atribuição, mais que merecida, ao Professor João Jose Pedroso Lima da Medalha de ouro, póstuma. O discurso não escrito pelo Magnífico Reitor, creio que não desmereceu dos que antecederam.
Uma recomendação: publiquem em livro os textos do lá acontecido, para que fique para memória futura.
Peçam a todos os Diretores de Serviço ou equivalentes, um relatório escrito do estado das coisas, do que falta e do que há que fazer para que seja o futuro a julgar-vos e não os oportunistas do poder que na generalidade são palavras…só palavras…
A Medicina aplicada está a perder qualidade em relação à que já teve. Não se pode perder mais tempo. A medicina não é apenas tecnologia, mais do que isso é; afetividade, carinho, empatia… compaixão. E com o sistema computorizado e Internet está a perder o que mais a distinguia de qualquer outra profissão…
Professor Duarte Nuno Vieira só o Senhor pode desencalhar o barco da passividade e subserviência.
( 20-09- 2016 )

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