Última aula de um homem ímpar

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António Abel Garcia Meliço-Silvestre é uma figura ímpar e invulgar. As suas qualidades como homem, como médico e como cidadão foram, ontem, amplamente enaltecidas, no “seu” Hospital da Universidade de Coimbra.
A cerimónia de homenagem, que envolveu o cumprimento do ritual académico da “Última Aula”, aconteceu justamente no dia em que completou 70 anos de idade e que, por isso, corresponde ao da sua Jubilação enquanto professor catedrático da Universidade de Coimbra.
Já se escreveu que não houve lugar à poupança de encómios, nas intervenções no auditório dos HUC, a cargo de Américo Figueiredo, membro da direção da Faculdade de Medicina, em representação do diretor; José Martins Nunes, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário; José de Faria Costa, provedor de Justiça (que enviou mensagem gravada); e Saraiva da Cunha, diretor do serviço de Infecciosas do CHUC.
Das palavras ouvidas, destaque para uma frase de Saraiva da Cunha, seu discípulo e colega, que lhe sucedeu na direção do serviço: “Sequiser resumir, em poucas palavras, a sua vida e obra, direi que o professor Meliço-Silvestre foi tudo aquilo que quis”.
Também o presidente do CHUC – sucessor, à sua medida, de Meliço-Silvestre, que liderou o então HUC na década de 1990 – alinhou pelo registo elegíaco. E, em jeito de introdução, Martins Nunes conjugou o verbo servir à medida do homenageado:
“Serviu o serviço, como médico distinto e como diretor empenhado. Serviu o hospital, como presidente do conselho de administração dos HUC e como diretor da UGI do CHUC. Serviu Portugal como presidente da Comissão Nacional de Luta contra a SIDA. Serviu a sua faculdade como diretor e como presidente da Assembleia da Faculdade. Serviu a universidade como membro do Senado e do Conselho Geral”.

Homenagem ao pai
Por fim, o momento mais aguardado: a última aula do mestre. Esta ocasião é, em regra, aproveitada pelos académicos para deixarem uma marca – uma reflexão política, filosófica, científica; uma dissertação sobre a evolução das patologias, dos homens aos infinitamente pequenos; uma abordagem muito sua ao universo das “infeções associadas aos cuidados de saúde, das infeções nosocomiais, em interface com as infeções da comunidade”…
O homenageado a todas estas tentações resistiu (até porque, como bem referiu, citando, “a Última Lição é o único funeral em que o morto também fala”). E, sem surpresa, optou por uma sentida e algo intimista homenagem ao pai, António Meliço-Silvestre, o mestre, o professor, o matemático, o homem.
“Diálogo de gerações”, assim designou António Abel Meliço-Silvestre a evocação. “Apesar do hiato temporal que separou as nossas gerações/vivências, houve um encruzilhar de realizações”, constata o professor agora jubilado.

Notícia completa na edição impressa de hoje

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