Opinião: As demandas de Catarina

Posted by
Spread the love
Joaquim Amândio Santos

Joaquim Amândio Santos

Enquanto tudo se concentra na hipotética confusão que possa reinar na douta cabeça da deputada Mariana Mortágua entre o que é a justa progressividade na cobrança fiscal, exigindo mais a quem tem mais e atenuando a coleta aos menos abastados e um verdadeiro assalto à mão armada aos que almejaram reunir de forma lícita, ao longo da sua vida, um farto pecúlio, passou quase ao lado a sobranceira declaração de Catarina Martins sobre a parca ou inexistente contribuição do imobiliário para a riqueza nacional.

3 pontos de ordem prévios só para esclarecimento

Primeiro, Mariana Mortágua mais não faz do que, às claras, finalmente assumir a verdadeira agenda do seu partido: acabar com o sistema capitalista, acabar com a propriedade privada e tornar o Estado dono de tudo isto e dono de todos nós. O futuro provará tal propósito.

Em segundo lugar, qualquer cidadão, com ou sem funções de poder, que se orgulhe da sua condição, será sempre a favor não apenas de uma justiça fiscal que exija um maior esforço aos mais abastados, em prol de uma maior proteção dos menos bafejados pela fortuna, seja através de uma cobrança de impostos eficaz, seja através da perseguição dos que escondem fortunas e de todos quantos usam o poder para delapidar o bem comum.

Finalmente, declaro que não sou rico (muito longe disso), não possuo luxuosas propriedades (e estou bem distante de tal) e sou um contribuinte líquido na cobrança de impostos, estatuto que muito me orgulha.

Mas voltemos a Catarina Martins e à sua demanda contra o imobiliário.

Graças à omnisciente, omnipresente e omnipotente líder do Bloco de Esquerda, finalmente os meus olhos abriram-se para a realidade de um conjunto de cidadãos e de empresas que são totalmente parasitas na nossa sociedade.

Trolhas, pintores, carpinteiros, mestres de obras, engenheiros, desenhadores, motoristas, serventes, encarregados e todos quantos labutam na construção de casas não recebem salário, não pagam impostos, não compram nada no comércio, não comem, não bebem, não viajam, não telefonam, não veem televisão, não cuidam dos filhos e dos pais.

De andaime em andaime (realidade que a líder bloquista nunca conheceu…) nada produzem, para justificarem o seu pão de cada dia.

Vai daí e estão todos preparados para brilhar num casting para a nova temporada do “Walking Dead”.

A estes junta-se a miríade não menos malandra dos agentes imobiliários, dos decoradores de interiores, das fábricas e lojas de móveis e eletrodomésticos e de todos os seus empregados que nos parasitam, nada fazendo e em nada contribuindo para a economia, pois fazem todos parte dessa “sociedade secreta do imobiliário” que tanto conspira contra os que realmente trabalham!

Sem teorias da conspiração, agora se percebe que o Bloco tanto tivesse lutado para criminalizar o piropo, essa verdadeira arte marialva exercida como ninguém pelos trolhas e seus correligionários!

Não sei o que mais me choca.

Se a desfaçatez presente numa líder partidária que faz do lançamento constante de tiradas demagógicas uma estratégia clara para cimentar a sua posição junto do seu eleitorado, aproveitando a onda de descontentamento por todo este descambar da vida social e económica portuguesa, se, no seguimento dessa estratégia, a arrogância de quem se sente intelectualmente superior e pertencente a uma elite que tem o direito de achincalhar um setor empresarial inteiro e dezenas de profissões dignas e assumidas por centenas de milhares de cidadãos que muito lutam para terem uma vida minimamente confortável, cumprindo os seus deveres perante o Estado.

Com uma direita e um centro político de rastos, mercê de décadas a desgovernar Portugal, com um governo cada vez mais refém dos apoios extremistas que o sustentam, tudo serve para tudo destruir.

Palpita-me que estes senhores e estas senhoras não descansam enquanto não nos colocarem literalmente de tanga, a viver numa caverna e a friccionar dois paus até fazer fogo.

10 Comments

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.