A encerrar esta que é a sua primeira edição, o projeto Há Baixa pensa já num futuro que é próximo e que pretende alargar-se a outras áreas para além da arquitetura e do design junto dos jovens alunos da Universidade de Coimbra. Depois de terem mudado a vida de pelos menos quatro pessoas – os donos das duas lojas reabilitadas e os habitantes de uma casa intervencionada – e de tantas mais no projeto desenvolvido no espaço interior da Cozinha Económica, os responsáveis pelo Há Baixa confessam-se realizados, mas prontos a continuar.
Agora que os trabalhos estão concluídos – com exceção da casa de habitação, “que precisa de mais uma semana” – que balanço desta experiência, que acabou por se “encontrar” com o Museu Temporário de Memórias?
João Peralta explica: “Está a ser uma excelente experiência, uma vez que aconteceu uma aproximação efetiva à prática desde o início. O que significa que nós estamos em contacto com os projetos desde a escolha dos lugares a intervencionar – o que não é muito habitual para um arquiteto – até à organização logística, que passou pelo constante contacto com os “clientes”, com as empresas que forneceram os materiais, com técnicos, com professores, até à parte da obra, da intervenção propriamente dita”. E aqui, prossegue o jovem estudante de arquitetura, “descobrem-se imensas coisas, milhares de coisas que nós não sabíamos e que, muitas vezes, quem trabalha num ateliê não sabe”.
O facto é que este projeto aproximou o grupo de jovens alunos das pessoas e dos problemas concretos que têm para resolver. “Percebemos que a intervenção numa simples loja, afeta não só uma pessoa, mas também o largo onde se encontra aquele espaço”, destaca.
No caso do ateliê de costura da D. Glória, era intenção da senhora abandonar aquele espaço na Baixa. Agora, refere o jovem, “a D. Glória não apenas fica, como vai trabalhar num espaço com condições, numa atividade tradicional e que acrescenta valor”.
Também as relações que se geram são muito importantes: “Exemplo disso é a proximidade que criamos com o sr. Jorge, que vivia com a mãe, de 86 anos, numa casa sem condições, sem água quente, nem casa de banho”. Agora, os jovens do Há Baixa criaram condições de habitabilidade e transformaram a vida de mãe e filho.