Opinião: Comendo bem caro

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Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

Quando estive há poucos dias em Chicago, passei por diversas vezes à porta do Chicago Tribune. um jornal com uma sede majestosa, mas só o comprei uma vez por me faltar tempo para o ler por estar muito ocupado com os trabalhos do Congresso em que participei, o ISCHE 38 (International Standing Conference for History of Education).

Entretanto, andei “perdido” e logo reencontrado numa cidade onde tudo é demasiado caro para um qualquer português desde há muito espoliado de parte da sua pensão ou salário.

Contudo, um jornalista deste jornal escreveu em 7 de Abril de 2015 sobre como comer barato em Coimbra, e logo num restaurante que frequento bastas vezes: EATING: Pick up a cheap, self-service meal at Restaurante Jardim da Manga, then eat either indoors or out next to a cool and peaceful fountain (in the garden behind Church of Santa Cruz, http://www.jardimdamanga.net).1

De facto, uma refeição normal em Chicago pode custar seis vezes o preço deste restaurante de Coimbra. Fui por isso queixando-me dos preços elevados de Chicago.

Entretanto, acompanhavam-me nas queixas os meus companheiros de Congresso vindos da Europa e da América Latina e ainda alguns norte-americanos vindos de estados menos desenvolvidos dos EUA.

Por outro lado, as ruas de Chicago estão cheias de pedintes que mostram nos papelões em que contam as suas histórias de vida como vivem mal, recorrendo à caridade pública como veem todos os que circulam entre os seus arranha-céus.

Como reação a esta situação existem filmes que equacionam as dificuldades que os jovens negros em enfrentar não só os seus problemas escolares, mas também os resultante do seu passado cultural e da discriminação racial.

Assisti por isso no Chicago Cultural Center ao filme “All the Difference”, em que se valoriza o papel da família dos estudantes, seguido de debate em que estiveram os atore principais, o realizador, o autor do livro que serviu de base, gente de organizações governamentais e não-governamentais. uma jornalista como moderadora e muito público.

Fiquei algo surpreendido com este ativismo social pois ocorre numa cidade em que o pensamento dominante é, dizem, o neoliberalismo. Mas, aquilo que foi a minha sensação, quando visitei a Booth School of Business da Universidade de Chicago foi de que este pensamento já não é aí tão dominante como o deduzi ao folhear alguns livros que acabei por comprar.

De facto, o neoliberalismo é um pensamento que colide com a defesa intransigente da dignidade humana, fazendo-se esta defesa contra a lógica de que o dinheiro é o mais importante. Na verdade, uma manifestação feminista, os pedintes nas ruas de Chicago, os problemas dos negros e os preços demasiado elevados mostram mais uma vez que a moeda não pode nem deve ser a medida de todas as coisas.

1 Rick Steves – Exploring colorful Coimbra in http://www.chicagotribune.com/lifestyles/travel/sns-201504070000–tms–travelrsctnri-a20150407-20150407-column.html, acesso em 20 de Agosto de 2016.

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