Aquela nossa imensa alegria do último domingo significa muito mais do que uma vitória desportiva. Vencer o campeonato da Europa de futebol foi, para cada um de nós, uma feliz e única sensação.
Aquela fé inquebrantável do selecionador nacional e a sua liderança, o esforço, o crer e o querer de cada um daqueles portugueses especiais liderados por um capitão que é realmente muito mais do que o melhor jogador do mundo, foram as chaves desta vitória lusitana.
Ninguém ou quase ninguém acreditava. Fomos gozados, riram-se do Fernando Santos quando ele disse que só regressava no dia 11 de Julho, disseram que jogávamos mal e que nem merecíamos estar nas meias-finais. E qual foi a reação deles? Ao contrário da normal cultura nacional, sempre avessa a ter confiança e esperança de que pode ultrapassar desafios, aquele grupo encheu-se de orgulho e fez das críticas, força para se superar. E superaram!
Apesar do jogo duro dos franceses, eles acreditaram sempre. E nós que chorámos com o Ronaldo quando ele foi obrigado a sair do jogo prematuramente, sofremos, levantámo-nos, gritámos, transpirámos e, sem querer, contagiados como que por magia, acreditámos também.
E quando ao minuto 109, o menino cá da cidade marcou aquele golo enorme, lembrámo-nos da nossa história, do hino, de Camões, dos feitos dos nossos antepassados que conquistaram mares e continentes, de Pessoa e claro, independentemente do nosso clube, pensámos no Eusébio e nalguns dos nossos ascendentes que não estão entre nós e que não puderam viver este sentimento e momento único.
Agora, somos campeões da Europa e somos mais conhecidos por esse mundo fora. Aquela vitória é a vitória de um povo. De um povo sofrido, mas que tem algo de especial. A alma daquela equipa também deve servir para reforçar a nossa alma. De todos. Os que vivem em Portugal e de todos os que estão pelos quatro cantos do mundo.
Esta vitória não pode ser só este momento. Esta vitória deve servir para nos unirmos mais, para acreditarmos mais, para fazermos melhor. Esta vitória também deve ser a vitória do brilhantismo sobre o cinzentismo. Do trabalho sobre a fanfarronice. Da crença sobre a falta de espírito e, finalmente, da humildade sobre a arrogância. Que momento especial , aquele que vivemos no passado dia 10 de Julho de 2016. Somos campeões, façamos agora por isso!