Opinião – A vaca que voa e o Portugal que não sai do sítio !

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Paulo Júlio

Paulo Júlio

Já não há sanções. A melhor notícia que alguns conseguem dar, reporta ao facto de não ser provável uma crise política, mesmo considerando os riscos do orçamento para 2017. A vida de Portugal corre bem.
Cantamos vitória, mas o “país lá fora” continua em banho maria. Ninguém discute porque é que Portugal não cresce como a
Irlanda ou a Espanha porque isso não interessa. O nosso campeonato não é o da competitividade ou o do crescimento económico, mas sim, o campeonato da sobrevivência política e o do quotidiano equilibrista. Afinal de contas, o objectivo de Portugal não é sair do marasmo de desenvolvimento presente , desde que entrámos na zona Euro e desde que não podemos “jogar” com a desvalorização da moeda.
O objectivo é não haver uma crise política. O objectivo é que a geringonça não caia, mesmo que isso custe ao País, um governo
assim assim ou de meias-tintas. Convenhamos que o estilo até encaixa na cultura portuguesa mais conformada. Como dizem
alguns, o “óptimo é inimigo do bom” e , pelo menos assim, o partido comunista não vocifera, nem as meninas do Bloco ficam
zangadas. A linguagem é menos radical. Já não há “ladrões” , mesmo que os impostos continuem altíssimos, a dívida pública
aumente, o emprego diminua, a confiança económica caia ou o crescimento da economia esteja anémico. O que é que isso interessa para a maioria dos partidos da Assembleia da República ?
Pouco, desde que a mercearia de algumas medidas vá passando e o governo com mais “jeitinho” dos últimos anos, os vá contentando. Esta política do assim assim é prejudicial para um Portugal que precisa de crescer, gerar emprego e riqueza, colocar as contas públicas nos eixos, depois de termos todos passado um período de assistência financeira e de quase protetorado político. Parece que não conseguimos aprender nada com o passado.
Decididamente que nem para experiências temos jeito, já que fazemos tudo da mesma forma, cerramos os dentes e desejamos
que os resultados sejam diferentes. Seria bom, mas dificilmente acontecerá.
Enquanto isso, regressados de férias, vamos discutir mais do mesmo. Défice, Geringonça, crise política e equilibrismo político. Assim, vamos embalando Portugal, acreditando que com habilidade negocial, tudo se vai segurando. Enquanto este pensamento medíocre e esta estratégia míope de curto-prazo imperarem, vamos continuar a trilhar um caminho sem futuro para as novas gerações. Este vai ser o custo de um equilibrismo comparado à vaca que voa. É demasiado mau para ser verdade, mas , pelo menos, parece que anda tudo mais feliz.

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