Com apenas 58 médicos dentistas, 2/3 dos quais nas duas Regiões Autónomas, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) conta com centenas de milhares de utentes em lista de espera, em todo o país. Assim, os profissionais reuniram-se ontem, em Aveiro, para debater prioridades no atendimento.

“Estamos a procurar criar um consenso relativamente ao tipo de utentes a que se deve dar prioridade, porque, com os recursos que existem, não há condições para atender todos”, disse, a propósito, José Farias Bulhosa, da organização do 1.º Encontro Nacional de Medicina Dentária no SNS.

Por exemplo, no Baixo Vouga há 380 mil utentes em lista de espera. “Às vezes há necessidade de várias consultas para tratar o doente, e o tratamento tem de ser agendado, mas não podemos dizer-lhe para vir passados cinco anos, porque a lista é bastante grande”, explica José Bulhosa.

Muitos dos utentes que esperam vez no SNS são pessoas com fragilidade económica para aceder aos cuidados privados e, enquanto isso, há equipamentos parados ou subutilizados porque não abrem vagas. Por outro lado, no setor privado há cerca de nove mil médicos dentistas.

“Chegou a oportunidade de reunir os poucos colegas que exercem nos cuidados de saúde primários e tentar avaliar qual é a função, o que oferecemos aos nossos utentes e como estamos organizados, porque temos realidades distintas”, descreve José Bulhosa.

Esta semana, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, apelou à abertura de mais lugares dentro do serviço público: “Num país que tem tantas carências no acesso à saúde oral, era de particular bom senso” aproveitar os médicos dentistas no subemprego, “e colocá-los a servir a população mais necessitada, no âmbito do SNS”.