A palavra cultura é daquelas com multiusos. Utiliza-se com mais do que um “significado”. Diz-se a cultura da batata, a cultura do cacau, a cultura do arroz como acto, modo de produção.
Até já ouvi dizer, em tom jocoso, que a cultura é uma batata. A verdade é que tem servido para referir um sujeito, um ente distinto, utilizando a distinção entre si, de noção e modo de significar.
Fala-se de cultura física, de cultura estética. E etc. Goebels, ministro da propaganda de Hitler, dizia que quando ouvia falar de cultura puxava do revólver.
Mais recentemente, António Ferro soube utilizá-la ao serviço do salazarismo, como propaganda. Também se usa como conhecimento de obras do passado, sentido que, como Jean Dubuffet referiu “é ilusório”, ou como” desenvolvimento e obtenção de determinados conhecimentos, ou aptidões artísticas”, e a sua utilização.
Há a cultura militante, as mais das vezes oficial, ou de resistência, há quem procure chocar, espantar o burguês, há quem veja nela o culto da beleza, variável conforma os cânones culturais.
Arte nova ignorava, desprezava, a renascença. Quem tinha razão e estava mais de acordo com a natureza da vida era Camões, que dizia: “Ó coisas vãs todas eis”.