A Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB) manifestou hoje “estupefação” e “revolta” sobre a existência do estudo da Infraestruturas de Portugal que conclui que pagar menos nas ex-Scut geraria mais receita para o Estado.
“Estupefação e alguma revolta é o resultado da análise das últimas notícias, vindas a público, sobre o estudo, que haverá algures, concernente às portagens das Scut”, disse hoje à agência Lusa o presidente da AEBB, José Gameiro.
Este responsável sublinhou que se é verdade que existe este estudo, que aponta para um incremento da receita do Estado, provocado pelo aumento do tráfego que, por sua vez, resultaria da descida dos valores a cobrar pelas portagens, “então alguém está a causar à região o mais incrédulo dos prejuízos, fora do contexto global”.
“Se de facto o estudo existe e aponta o caminho que nos é dado a conhecer agora, temos que considerar que, lamentavelmente, temos sido geridos por um clube de amadores”, afirmou.
O estudo da empresa Infraestruturas de Portugal (IP), a que a TSF teve acesso e divulgou na sexta-feira, foi realizado a pedido do anterior Governo PSD-CDS, embora as suas conclusões nunca tenham sido conhecidas, nem sido colocadas em prática, surgindo agora, numa altura em que o atual executivo já anunciou que vai descer as portagens em algumas ex-Scut [vias sem custos para o utilizador], embora ainda não tenha revelado quando, nem os valores.
Segundo a TSF, que fez vários cálculos, juntando os resultados estimados para as sete Scut, o cenário é o de que a receita global aumentaria cerca de 22 milhões de euros, sendo que apenas duas das sete autoestradas dariam menos dinheiro do que se os preços ficassem iguais, sem descidas.
De acordo com o estudo, os ganhos em receitas com portagens seriam especialmente grandes na A23 (autoestrada da Beira Interior), bem como na A22 (Via do Infante, Algarve), já que, com uma redução de 15%, ambas renderiam individualmente mais de cinco milhões de euros.
O presidente da AEBB defende que chegou a hora de devolverem alguns dos sacrifícios que impuseram às pessoas e à região, de entre os quais uma descida de valores nas portagens das ex-Scut e, sobretudo, na A23, que, para ser justo, “deveria considerar 50% de redução, como base de partida”.
José Gameiro deixa ainda um conjunto de questões no ar: “Há quanto tempo as empresas e as pessoas da Beira Baixa vêm reclamando este caminho, como uma das soluções para o problema? Há quanto tempo, as empresas e pessoas estão a ser defraudadas, com o alheamento da análise séria e tomada de decisão adequada, perante as evidências?”.
Adianta ainda que a AEBB há muito tempo que tem vindo a dizer e a defender que o abaixamento de preços não traria prejuízos para o Estado, uma vez que esta medida provocaria o aumento de tráfego nas ex-Scut.
A autoestrada da Beira Interior (A23) permite a ligação entre Torres Novas e a Guarda e atravessa os distritos da Guarda, Castelo Branco, Santarém e Portalegre.