O Presidente demissionário da Académica chamou jornalistas e associados.
Pensei que seria, face ao imenso silêncio das últimas duas semanas, para pedir desculpa pelo desastre desportivo e fazer (finalmente) um “mea culpa” quanto ao desprestígio provocado. Puro engano! Sem uma palavra sobre a despromoção ainda teve a lata de fazer o auto-elogio.
Os brasileiros dizem que “quem vive de passado é Museu”. Não percamos, pois, demasiado tempo com o passado recente da Briosa, mas apenas o necessário.
Uma das marcas de água desta gestão foi a incapacidade de auscultar e de ler a realidade, sobretudo, através dos olhos dos outros. Este autismo foi mau conselheiro e arrastou consigo a credibilidade da instituição académica.
O “Sebastianismo” só existe na história, por isso mesmo a chave do sucesso em projetos coletivos é a capacidade de liderança assente na colaboração e a capacidade para fazer pontes, interna e externamente.
A direção demissionária isolou a Académica; afastou-a da cidade e da região; repeliu potenciais aliados desportivos; desprezou a matriz histórica da casa-mãe (AAC) e delapidou um património emocional que está espalhado pelo Mundo.
Como se não bastasse, a direção demissionária nunca entendeu a regra de que a transparência mobiliza a coletividade. A opacidade dos últimos anos envergonha e desanima potenciais parceiros e investidores.
Mas, agora, nasce um tempo novo, de ideias e rostos diferentes. Agora, é essencial ter a capacidade de ouvir e de aglutinar. Agora, é fundamental reconstruir a reputação gerando parcerias locais, regionais e nacionais. Agora, é vital um reencontro com a história e com os princípios fundadores da mais singular instituição sócio-desportiva do país.
Como a culpa não pode morrer solteira, esperemos que nestes dias os responsáveis (sim, porque existe co-autoria no descalabro!) se apresentem ao menos perante os associados para pedir desculpa!