Desde há muito que ensinar é a ganho pão de muitos e também a origem de lucros fabulosos de alguns, que convencem os pais de que os seus filhos ganharão vantagens competitivas no mercado de trabalho, mas se e só se frequentarem o seu colégio ou universidade.
Antes, já havia espalhadas pelas vilas umas escolas secundárias ou colégios que davam educação a jovens que não tinham posses para virem às capitais de distrito.
Era o caso da Escola Secundária Manuel António Seixas de Moncorvo, cujos escassos arquivos consultei, onde vi que o professor que era “O Dr. Augusto Duarte Areosa pagou à Livraria Portuguesa e Estrangeira de Manuel d’Almeida Cabral, de Coimbra, rua da Calçada, n.º 163, de livros…” .
Também estudei o Colégio João de Deus do Porto, que tinha sido o lugar de ensino de elite e, felizmente, de refúgio dos professores destituídos pela extinção da Faculdade de Letras do Porto em 1928. Este colégio acabou pouco antes do 25 de Abril por falta de alunos por, entretanto, se terem espalhado pelo país escolas preparatórias e secundárias públicas, que substituíam as escolas privadas com vantagem num tempo em que a classe média tinha já um reduzido poder de compra e procurava a escola pública.
Com alguma surpresa vemos agora que existem colégios a concorrer com escolas públicas, oferecendo gratuitamente ensino e até serviços como o transporte, algo que as escolas públicas por lei, não podem oferecer.
Entretanto, como sabemos, têm desaparecido Universidades privadas como resultado de práticas impróprias neste ensino.
Sendo duplicação de oferta, pois já existem escolas públicas para todos, que, além de ensino normal, têm também ensino para jovens com necessidades educativas especiais, não se compreende que o Estado financie escolas privadas geograficamente concorrentes quando cortou brutalmente nas escolas públicas, reduzindo assustadoramente o pessoal docente ao aumentar o número de alunos por turma.
Contudo, como resultado da crise da finança global, que tem imposto restrições muito fortes ao financiamento das escolas privadas, tornou-se imperioso cortar nestes gastos, causando alguma preocupação e até pânico nos que apostaram neste negócio, tornando-se notícia há dias pela violência com que se comportaram com um membro do governo.
Pedem agora que este cumpra os contratos em vigor e isso é evidente que terá que ser feito, salvaguardando sempre alguns colégios que têm como público-alvo crianças e jovens com dificuldades económicas e sociais, aqui em particular os órfãos.
Há assim que ponderar as escolhas na prestação de serviços de educação, avaliando e fiscalizando sempre os resultados.
Aí, com certeza, as conclusões privilegiarão as escolas públicas pois estas garantem que os custos serão sempre mínimos e de acordo com objetivos sociais definidos democraticamente.