C’est nous qu’on ose méditer De rendre à l’antique esclavage, Quoi! Des cohortes étrangères Feraient la loi dans nos foyers!
Os Hinos Nacionais, ouvidos nos tempos que correm, são sempre um exercício interessante.
A Marselhesa, por exemplo, faz-nos sorrir pela violência expressa e anunciada da Revolução que, quer se queira quer não, foi o início de uma nova era. Parece que um dos líderes da tomada da Bastilha fez depois uma excelente e lucrativa carreira na construção civil. Nada de novo, portanto.
De resto, essa Revolução é o Guia perfeito para se compreender que as revoluções, todas, devoram os seus filhos e que a horda humana é sempre incontrolável. Mas Marselha é agora relevante para os fiéis seguidores das telenovelas com conteúdo… as séries. “Marselha”, pelo que se pode ir vendo, retrata uma, mesmo que só parcial, realidade política com uma frieza, violência, ausência de princípios, traições, extraordinariamente pesada. Tem todos os elementos. Todos. Alguns em excesso.
Mas é elucidativa acerca das chantagens, dos géneros e da sua, digamos assim, permeabilidade, retrata a manipulação na perfeição embora seja rebuscada, pelo até agora visto, a repetição queirosiana dos Egas.
Depois, lá está a distribuição dos electrodomésticos em troca de votos! Nós a pensarmos que era produto nacional! E também retratam chapeladas eleitorais… Algum dia seremos confrontados com as nossas?
Enfim, será um exagero, não será um retrato da nossa vivência. Mas permite perceber como se faz. E enjoa, enoja e irrita. E o financiamento partidário sempre presente. Serve também para nos elucidar acerca do multiculturalismo. Perceber o seu falhanço e a sua impossibilidade. O interessante é que até a banda sonora soa a Marrocos…
Lá está, a “Marselhesa” era profeta quando aludia ao facto de “multidões estrangeiras fazerem a lei nos nossos lares”. Aqui é ficção. Em Londres é realidade com a eleição do primeiro mayor mulçulmano. Pode ser um sinal de grande evolução civilizacional ou pode contribuir para a derrocada. Vamos ver. A política feita desta forma e em enredo televisivo entremeando com as notícias dos Papéis do Panamá pode levar-nos a pensar se há democracia que resista ou meio pacífico utilizável…
E, enquanto isto, mais uma vez se vai tomando conhecimento de um novo passo na destruição da Europa. Depois do Acordo de Comércio Livre (que deu à China o poder que hoje exerce) segue-se o TTPI (o Acordo de Parceria Transantlântica de Comércio e Investimento).
Ganharão alguns Europeus. Os do costume. Mas é mais um passo para a destruição do nosso Estado Social do pós-guerra.
Às vezes parece que só os pós- guerra podem ser positivos.