Opinião – Luta de classes/ luta de galos

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Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

Nos últimos dias, os portugueses a propósito de uma revanche contra Tiago Brandão Rodrigues, feita por um senhor doutor, que ninguém antes conhecia por ter feito algum trabalho científico de mérito, ficou a saber que o ambiente universitário em Coimbra precisa de urgente higienização. Mas, os que se entretêm a ver futebol sabem que qualquer bom jogador tem, para além de jogar bem, de escapar às rasteiras dos adversários ou ao fazê-las não deixar que o árbitro o penalize.

Na Universidade é bem pior, tem de ter um olho sempre atento aos colegas que, umas vezes, ambicionam não fazer nada e/ou outras vezes precisam que ninguém faça nada. Perdem-se assim recursos públicos escassos, e não se realizam os sonhos dos que querem produzir conhecimento e para isso trabalham.

Nada é como sonham os que pensam como “um turista que, tendo-se entretido a ferir-nos acintosamente num artigo de impressões de viagens escrito em 1929 no magazine americano «Lady’s Home Journal», não resiste a confessar que Macau lhe fez lembrar a nossa poética Coimbra transplantada para as costas da China” .

Para além destes adversários/colegas que procuram empatar/obstaculizar o jogo da produção científica, há os ministros, como aconteceu no passado recente, que, numa lógica enviesada, sem quererem colocar tudo a andar, retiram recursos necessários à Ciência e à Cultura e param o jogo, levando com eles a bola tal como fazem os garotos.

Há ainda outros que querendo gozar a vida, só veem nas verbas para a educação e ciência uma forma de terem uns dinheiros para viajar, macaqueando os objetivos científicos prosseguidos pelos intercâmbios em encontros e congressos.

São estes interesses pouco respeitáveis que os decisores políticos devem moralizar, criando uma lógica que se imponha nas escolhas nos diversos patamares de deliberação e tomadas de decisão, tornando mais democrática a gestão, ganhando sempre mais argumentos para o reforço das verbas a gastar em Ciência e Cultura.

De facto, sendo os recursos limitados, todas as decisões de atribuição de dinheiros devem ser bem pensadas e melhor controladas.

Na verdade, esta ideia não é válida só para a produção de Cultura/Ciência, deve ser também aplicada a áreas como a Saúde, onde os recursos são escassos e onde a sua falta por falha de gestão pode ter consequências dramáticas.
Nada justifica que, num tempo em que existem enormes capacidades de cálculo e de assim equacionar diversas alternativas, não sejamos capazes de gerir melhor os nossos recursos, dando também maior humanidade às nossas escolhas políticas.

1 ) Jaime do Inso – Macau: a mais antiga colónia europeia no Extremo-Oriente, Exposição Portuguesa em Sevilha, Tipografia do Orfanato da Imaculada Conceição, Macau, 1929, p. 141.

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