É candidato à presidência do IPC?
Sou.
Porque decidiu candidatar-se?
Porque acho que é preciso fazer o que é diferente e o que ainda não foi feito. Acho que o IPC tem que adquirir uma outra visibilidade e projeção na comunidade, criar outra dinâmica que traga alunos. Nós vamos atravessar – e já estamos a senti-la – uma crise demográfica grande e não vai haver alunos para todas as instituições do ensino superior. Entendo que já devíamos ter começado há muito tempo a trabalhar essa realidade.
E como?
A primeira coisa que é preciso fazer é transformar por dentro o IPC. Ou seja, é preciso que quem já cá está – os estudantes, os professores, os funcionários não docentes – faça coisas que tenham visibilidade para o exterior. Os estudantes que já estão no IPC estão pouco envolvidos naquilo que é a sua estratégia. Portanto, a primeira coisa é mostrar através dos que já cá estão que é possível fazer diferente.
Que exemplos é possível dar?
No que diz respeito à ação social, por exemplo. Hoje quando pomos um filho a estudar fora de casa precisamos de saber onde vai dormir e comer, como se vai movimentar na cidade. O IPC não tem uma estratégia para isso. Mas precisamos de o fazer e mostrar que as nossas residências e as nossas cantinas estão em condições de os receber. Depois é preciso fazer um acompanhamento de maior proximidade do estudante. Aqui na ESTeSC criámos o Gabinete de Apoio ao Estudante. É preciso alargar esta rede de apoio e mostrar que este gabinete funciona em todas as escolas.
E como o fazer?
Mostrando a mais-valia do Politécnico. Que este não é inferior mas diferente. E para mim, essa mais valia é centrar-se nos estudantes obrigatoriamente e fazer coisas diferentes para os estudantes e com os estudantes. Mas outros exemplos. Nós temos nalgumas escolas um insucesso assustador. É preciso perceber porquê e como se altera. É preciso perceber o que é que está a correr mal também do lado dos professores, dos laboratórios, do acompanhamento dos estudantes.
Está a dizer que não há uma estratégia IPC?
Não há uma estratégia IPC. Ao contrário de muitos dos politécnicos e, provavelmente, de todas as universidades, o IPC é hoje um conglomerado de escolas.
E pretende alterar a situação?
Claro que pretendo alterar essa situação. Nos últimos anos, em que estou na presidência da ESTeSC, tenho usado muito a expressão “temos que ter mais IPC”. E ter mais IPC significa ter menos escola. Nenhum aluno diz que tirou o seu curso na Faculdade de Economia ou na Faculdade de Medicina, ele diz que tirou o curso na Universidade de Coimbra. Ninguém diz que tirou o curso no Politécnico de Coimbra. Tiram o seu diploma na Escola Agrária de Coimbra, na Escola de Tecnologias da Saúde de Coimbra ou na Escola Superior de Educação de Coimbra porque têm mais orgulho na sua escola do que na instituição. Alterar isto não significa diminuir a imagem das escolas, mas sim aproveitar a imagem das escolas e demonstrar que o todo é maior do que a soma das partes.
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