Ser médico interno significa viver a aprender, percorrendo um caminho de anos de formação especializada.
Ser médico interno de Anestesiologia é um desafio permanente, que dura 5 anos. Porque esta especialidade médica é especial. Queremos, diariamente e em cada gesto, aprender com os mais experientes e absorver todos os conceitos, técnicas e conselhos.
A Anestesiologia é muito abrangente, com várias áreas de intervenção e inovação, obrigando ao conhecimento sistémico de fisiologia, farmacologia e fisiopatologia.
Ser interno de Anestesiologia é treinar para adquirir aptidões, sendo imperiosa a visão global do doente. Desde a consulta ou visita pré-anestésica, em que conhecemos os hábitos, patologias e medicação do doente, desenhando um plano anestésico adequado e seguro individualizado.
No bloco operatório, onde acalmamos a ansiedade, diminuímos o estado de consciência e a resposta a estímulos, tendo como missão manter a estabilidade de todos os órgãos vitais (coração, pulmões, cérebro, rins), “tomando conta deles” durante a cirurgia, defendendo a vida e dos doentes, até ao despertar completo.
Também neste período e após o mesmo, debelamos a dor, gerindo fármacos potentes, maximizando os seus efeitos benéficos.
Acompanhamos os doentes no recobro e aprendemos a tratar todas as complicações, por vezes graves.
Realizamos técnicas diferenciadas de anestesia regional, em que anestesiamos apenas o local que vai ser operado, como um braço, uma perna ou uma mão, evitando a anestesia geral, com menos complicações e níveis elevados de satisfação para o doente.
Ajudamos os doentes submetidos a procedimentos em ambulatório (gastrenterologia, pneumologia, imagiologia) a viverem uma experiência mais agradável, através da sedação.
Aprendemos a debelar a dor crónica oncológica e não oncológica, em consulta especializada. Treinamos a analgesia e anestesia epidural, mais conhecida no trabalho de parto.
Aprendemos a anestesiar desde o recém-nascido até ao idoso, incluindo grávidas e outras situações especiais (queimados, intoxicações) para qualquer tipo de cirurgia, da mais simples à mais complexa, como uma hemorragia grave ou um transplante de órgão. Tanto em cirurgia programada como urgente. De noite ou de dia, em qualquer dia do ano.
Aprendemos a liderar equipas de saúde em situações de emergência, dentro e fora dos hospitais, no carro médico do INEM, contribuindo para a diferença entre a vida e a morte. E como isso é indescritível e gratificante!
Trabalhamos em unidades de cuidados intensivos e aprendemos a gerir o doente crítico, que necessita da ajuda de equipamentos complexos, para suportar órgãos que estão em falência.
Além de tudo isto, estudamos, investigamos e ajudamos os mais novos a aprender.
Prestamos provas anualmente e produzimos ciência. Recebemos formação e treinamos em simuladores, para diminuirmos o erro médico. Tudo pelos doentes, que nos movem e nos motivam a ser cada vez mais capazes.
Temos espírito aberto e criticamos construtivamente o status quo e somos motores de mudança e desenvolvimento, obrigação das gerações mais novas.
Mas apenas conseguimos fazer tudo isto em simbiose de equipa, ultrapassando obstáculos e assimilando conhecimento com quem nos ensina e acompanha.
Dizia James William que “Há várias medidas para medir a vontade humana. A mais exacta e a mais segura é a que se exprime por esta questão: de que esforço sois capazes?”.
É este esforço que vos descrevi que caracteriza os médicos internos.
Na aquisição de competências diferenciadas, pela segurança dos doentes.