Opinião – O mito

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Paulo Almeida

Paulo Almeida

O Parlamento grego já aprovou o Orçamento para 2016. O primeiro de um governo liderado pelo Syriza. Os gregos bem que podem esquecer as promessas inchadas de outros tempos de sensibilidade social de parte do “bloquista, socialista e amigo” Alexis Tsipras.

O tal que um dia era considerado uma luz a indicar o caminho para o fim da austeridade e fazia sonhar os mais ingénuos, que nunca têm qualquer culpa em querer um mundo à sua maneira, dizem que melhor, mais cor-de-rosa.

Enfim, a Grécia assumiu a recessão económica para o próximo ano, vai cortar mais na despesa e aumentar impostos. Esta lei de Orçamento foi aprovada com 153 votos a favor e 145 contra.

Resumindo, e depois de ter recebido em Agosto do ano passado um terceiro resgate no valor de 86 biliões de euros e de em 2015 ter assumido uma contracção orçamental de 1,5 biliões de euros, a Grécia irá em 2016 diminuir a despesa pública em 5,7 biliões de euros e ver os impostos aumentados para obtenção de uma receita adicional de 2 biliões de euros.

Apesar disto, a previsão é a da economia encolher mais 0,7% no próximo ano, depois de rigorosamente nada ter crescido em 2015. E apesar da austeridade já implementada, a dívida externa vai, no final deste ano, aumentar de 180 para quase 190% do PIB, qualquer coisa como 328 milhões, desculpem, biliões de euros.

O mito da justiça social cifra-se num corte das pensões equivalente a 1,8 biliões de euros, quando no sector da Defesa o corte é de 500 milhões de euros. As privatizações previstas irão ter de render 50 biliões de euros.

Os partidos de esquerda portugueses devem andar mesmo muito confusos. Ora apoiam Tsipras, ora estão do lado do povo grego, ora se é contra o Euro e Europa, ora se apoiam reformas estruturais, apesar da sua impopularidade.

Um dia erguem bandeiras do Syriza, no seguinte nem sabem onde fica a Grécia. É o que se pode apelidar de coerência e rumo seguro. Assistimos hoje, ao contrário de ontem, a Alexis Tsipras acusar os que se opõem ao Orçamento de irresponsabilidade! Recebeu resposta com epítetos de hipócrita.

Felizmente que, por cá, tivemos um governo responsável que nos tirou do programa de assistência da troika contra a vontade da esquerda reinante, o que torna hoje todas estas discussões muito menos, digamos, austeras.

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