Opinião – Armorino, explica ao futuro presidente…

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Gil Patrão

Gil Patrão

Admirei a forma como Armorino, a que doença súbita há anos coartou a fala, comunicava incansavelmente com família e amigos, durante o almoço em que comemorávamos acontecimento singular. Se tivesse notado mais cedo o que diziam, teria acompanhado melhor o que transmitiam de forma tão veemente.

É que todos falavam eloquentemente, embora um se expressasse magnificamente, sem para isso precisar de falar. Pensei então que o que aconteceu ao Armorino pode acontecer a qualquer um, em qualquer momento, por doença ou acidente. Num instante, gente inteligente pode ficar impossibilitada de exprimir oralmente o que sente…

Quase todos a quem tal acontece, ou quiçá todos, desesperam com a situação a que num ápice se vêm remetidos. Muitos deles lutam sem desfalecer e destes alguns recuperam a fala, voltando a dizer coisas tão belas e singelas como “amor”, enquanto outros há que, por ironia do destino, não mais recuperam o falar. Que importa porém, se recuperarem a alegria de viver e comunicarem tão bem como o Armorino, homem inteligente e de força indomável, que ri com alegria genuína quando exprime, tão naturalmente, o amor que pela família e amigos sente.

Vivemos momentos peculiares em Portugal, onde observamos crescentemente a incapacidade de gente, também ela inteligente e que por opção pessoal se dedica de alma e coração à política, comunicar com seus pares, por militarem em áreas políticas que se dizem diferentes. Contudo, a todos nós, todos eles – “os políticos” -, parecem cada vez mais iguais; todos falam, gritam, barafustam, iludem e mentem para desespero de quem, mesmo sem querer, os tem de ouvir e ver, pagos que são pelos nossos impostos. Também a eles, como a todos nós, será útil que no ensino público e na escola da vida possamos vir a aprender a comunicar em linguagem gestual.

É que tal capacidade a qualquer um pode vir a ser útil, ou pode até mesmo vir a ser vital! E como, no silêncio da solidão há sempre quem, mesmo ouvindo perfeitamente, se comporte e atue como os surdos mais profundos, aqueles que por infelicidade perderam, ou nunca tiveram audição, todos nós aproveitaríamos se, desde a primeira infância, aprendêssemos a comunicar sentimentos, emoções, amores e até ódios de estimação, quer em linguagem gestual quer oral.

Ultimamente, muito se ouvem e veem alguns políticos, candidatos a futuro presidente, e todos eles (e elas) andam já por aí, dizendo ao longo do país as razões pelas quais devem presidir ao destino deste tão pobre como desgraçado povo. Sabes, Armorino, julgo que talvez um, ou até mesmo todos, mas à vez, em breve irão à tua terra. Se forem, Armorino, tenho pedido a fazer-te!

Armorino, explica ao futuro presidente que, acima de tudo, temos de aprender a compreender, respeitar, cooperar e trabalhar com os outros, para construir e celebrar o milagre da vida, que ocorre no dia-a-dia de cada vida e que, como os políticos são parte do povo, cabe ao presidente unir os partidos, para que possa haver políticas que vão melhorando este país, incessantemente.

Armorino, não te esqueças deste pedido! Sei que encontrarás forma de comunicar, a quem terá o dever e a missão de nos representar, que deverá trabalhar afincadamente para bem dos que, findas quaisquer eleições, sempre acabam esquecidos. O povo anseia ter por presidente alguém que, alheio aos partidos e descomprometido de tramoias e cabalas, tenha a força anímica e o carisma capazes de conseguir que os líderes de todos os partidos políticos cooperem entre si, para que qualquer governo possa ajudar quem mais precisa até das mais simples das ajudas…

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