Iremos sempre celebrar o 25 de Abril de 1974, a queda do antigo regime e as primeiras eleições livres de 1975. Iremos sempre assinalar esse momento de liberdade de forma pública e coletiva. Mas a partir de hoje inicia-se uma nova fase de celebração privada, daqui a uns anos talvez às escondidas, do 25 de Novembro de 1975. Para a esquerda que hoje mantém refém o governo de Portugal, a liberdade não esteve em risco depois dessas primeiras eleições. Para eles, o 25 de Abril ficou em suspenso desde Novembro de 75. Por isso mesmo, ainda está por cumprir.
A divisão entre Norte e Sul do país ficou demonstrada nas eleições de 4 de Outubro. Desde então, iniciou-se o “cerco a São Bento”, com a inestimável ajuda de António Costa, ontem indigitado primeiro-ministro. A “comuna de Lisboa” está instalada. Veremos nos próximos tempos qual a tese que vai vingar no “acerto” histórico: por um lado, há quem defenda claramente que o 25 de Novembro foi um golpe militar contra-revolucionário; para outros, onde se inclui(a) Mário Soares, o 25 de Novembro foi um contra-golpe que impediu o curso do PREC e que Portugal não chegasse a ser uma República Popular.
Qualquer que venha a ser a correcção histórica, e tal como em 74, estou certo que os golpes de Estado pacíficos são bem recebidos pelo povo. Por isso mesmo, e agora que Cavaco Silva o indigitou primeiro-ministro, António Costa está tranquilo quanto ao seu futuro. O primeiro erro histórico foi por ele mesmo corrigido: com ele, o PS não está do lado errado da bancada parlamentar. Com António Costa, o PS finalmente se alia aos 36 deputados da Frente de Unidade Revolucionária de 74. Resta saber até quando isso lhe convém.
One Comment