Uma das piadas que circulam no Facebook conta a história de um viajante que, em Portugal, se dirige a uma agência para comprar uma viagem ao Portugal Maravilhoso, aquele que o estadista de Vila Real propagandeia por ai. Trata-se de uma mera piada apropriada ao tempo de promessas mirabolantes, que os partidos do arco da governação inventam. Nada é semelhante ao passeio dado por gente do nosso distrito, que dizia: “Um pouco antes das 19 estávamos em Coimbra, no Café Santa Cruz. Devíamos seguir imediatamente para Vila Franca, mas por proposta do Amadeu, ainda fomos pela Mealhada, afim de irmos comer o célebre leitão da Bairrada”.1
Agora, como também me acontece, encontrariam fechados para sempre bons restaurantes, que cerraram portas porque a incúria dos governos os fez falir. Ficaram por isso sem comer tão bem os homens e mulheres que, de todo o mundo, encheram não só as ruas de Coimbra, como as de todo o Portugal, enchendo de orgulho uns homens do poder que nem repararam de onde eles fugiam…
Tristemente, o homem de serviço ao leme, perante o descalabro do BES, prometeu só iniciar com o seu dinheiro um peditório para os lesados do papel comercial, que de tal maneira se deixaram lograr que agora não têm dinheiro para ir a tribunal. Mas, se tudo aconteceu assim tão mal, foi porque este governo e os anteriores permitiram a fraude no sistema bancário não legislando convenientemente.
Curiosamente, os lesados não falam do homem e da respetiva família que organizaram com a frase publicitária “O BES é que sabe” toda esta tragédia.
Entretanto, desde 2005 que os portugueses vivem a ameaça concretizada de cortes que paira sobre as suas reformas e salários. Contudo, desde 2005 que os governos lavam as mãos como Pilatos sobre os culpados do desastre do BPN, BPP e agora do BES. Prometeram que se os portugueses aguentassem a austeridade, “o mel e o leite” voltaria a correr abundante em Portugal. Mas, a única coisa que corre abundante é a nossa gente, que, desesperada, parte para o Brasil, Angola, Suíça…
Vi-o na minha peregrinação por Portugal, e, em particular, nas terras onde os governos demasiados crédulos nas políticas europeias fizeram secar a esperança de uma agricultura, que tanto quanto possível seria florescente.
Antevemos por isso que qualquer dia só restarão em Portugal os que acreditam nas promessas de Passos, Portas e Costa. E esses terão também de partir, deixando cá a “peste grisalha” que tanto os aflige. Sei.
E sabemos para alguma coisa servem as previsões. Servem para arrepiarmos caminho pois não devemos ignorar que outro caminho é possível.
Não devemos por isso desesperar.
Só temos de afirmar a nossa Esperança numa nova Política Alternativa Nacional e Europeia.
1 José Marques Lopes – Neve e Amendoeiras em Flor, Coimbra, 1951, p. 60.