Opinião – Não se passa nada

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Fernando Serrasqueiro

Fernando Serrasqueiro

A campanha eleitoral segue morna, com a coligação do governo a impor contenção e com uma estratégia simplista para evitar mostrar o que perspetiva para o futuro.

Confunde o que foi a sua governação, dizendo que o pior já passou, mas vai remetendo para acordos posteriores os cortes na Segurança Social, cuja clarificação, agora, seria danosa para as suas aspirações.

O papão do regresso ao passado recente serve para preencher discursos sobre o medo e prolonga a narrativa da bancarrota, ao mesmo tempo que é anunciado mais um recorde da dívida pública.

Este discurso da pesada herança e de terem de pagar as dívidas do governo anterior tem de merecer uma desmontagem porque pode parecer verdadeiro.

Lembro-me há uns anos um presidente de um clube de futebol ter anunciado, com pompa e felicidade que tinha ido ao banco fazer um empréstimo e teria pago todas as dívidas. Acabou mal.

Pois agora temos um Coelho que também diz que pagou as dívidas herdadas na saúde, na educação e nas infraestruras, tendo no entanto a dívida pública de Portugal subido no primeiro trimestre deste ano para 132,9% do PIB, quando em 2013 estava nos 129% sendo agora a terceira mais elevada da UE, segundo o Eurostat. A herança recebida foi de 94% do PIB.

Quer dizer que trocou uma dívida por outra e ainda acrescentou mais. Só assim se compreende que já se tenha ultrapassado o objetivo do governo no final do ano que era de 124,2% e muito acima do que a troika tinha definido, 114%.

Financeiramente foi um descontrolo com forte subida da dívida e agora sabe-se que o deficit de 2014 foi de 7,2% do PIB próximo do valor de 2011 e a confirmar que as metas orçamentais definidas pelo atual governo nunca foram cumpridas.

A pergunta que se coloca e que não obtém resposta da coligação é para que serviram os cortes, a forte austeridade e as privatizações?

A campanha eleitoral deveria ser palco de debate e esclarecimento por parte de quem governa e aspira a continuar, mas vamos assistindo a um intencional mutismo e a um desconhecimento do seu programa.

A anterior campanha eleitoral foi uma enorme mentira, cujo objetivo era ir ao pote, nem que para isso se prometesse tudo o que já se sabia não ir cumprir, agora é não prometer nada e remeter para o futuro, para esconder as medidas que já se sabe que irão tomar mas que não querem dar a conhecer.

Ficou entretanto o rabo de fora com o corte previsto de 600M€ ano na segurança social. O ruído já levou a múltiplas explicações tentando envolver o PS, sem êxito, nessa aventura de cortar pensões.

Como é possível em 2015 termos uma campanha eleitoral, após um período de forte empobrecimento, sem podermos comparar programas?

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