Chega a canícula e quem pode vai de férias. Uns vão para o estrangeiro, outros ficam-se por praias nacionais, outros pela estada em casa de familiares, outros ainda não vão a lado nenhum. Muitos são os que só distinguem o tempo de férias por verem os outros a tê-las. Mas habitualmente os governantes e outros responsáveis políticos fazem, ou mandam fazer as malas, e desaparecem por uns quantos dias. Fecham o estabelecimento para uma espécie de balanço sazonal, excursionismo e meditação gastronómica espraiados ao sol. O descanso, que sendo mais que devido ao comum dos mortais, assume neste caso da governação e dos governantes, um carácter terapêutico, retemperar e reganhar fôlego para a continuação do malfazer. “Deixai-nos descansar e não ides perder pela demora!” Profissionais da governação, usufrutuários do poder, senhores de um tal famoso arco da velha, do poder ou do poder da velha, regressam mais tarde, bronzeados, reaparecem em festas e eventos de época a que, num bom português de meter inveja a Vieira, se convencionou denominar “rentrée”. Regressam, para de novo se dirigirem ao povo e prosseguirem o seu governo. É a hora da retoma de função, do ora retomem lá connosco…
Mas nem todos são assim. Nem todos são iguais. Uns tratam a política como o seu “métier” – na língua de Camões! – a que regressam depois dos banhos. “Vamos lá, mais uma vez, tratar do povo.Se soubessem o que custa mandar!”
Mas há aqueles com quem se pode sempre contar. Seja verão ou seja inverno. Faça frio ou um calor de fritar. Para os quais não há “rentrée”. já que não há nunca uma “sortie”. Há aqueles que fazem parte do povo. Por isso o povo respeita-os e confia na sua honestidade, entrega e dedicação. Há aqueles que apresentam propostas e medidas que, quando as escuta, o povo reconhece. Pois, mas não vota nestes! – replica-se.
Onde está escrito que tem de ser sempre assim? Onde está proferida a sentença? Quem lavrou a condenação à alternância?
Os portugueses não merecem nem mais um dia desta política de sofrimento e de miséria, de alienação da soberania nacional, mas também não merecem o sacrifício da dança com a mesma música, ainda que com um novo arranjo. Não é época de “rentrée”! É tempo de “sortie”! É tempo de uma nova política que incentive a produção, reponha direitos e a dignidade e a soberania nacionais.
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