Os últimos dias da recente crise grega mostraram como não se quis olhar o problema da Europa na sua verdadeira dimensão e raízes. Apenas se procurou submeter um povo aos ditames de uma troika, cuja lógica não conhecemos. Apenas querem receber o que dizem ter emprestado. Antes, propuseram remédios que não deram resultado que diziam esperar e, apesar disso, continuaram a propor sucessivas más terapêuticas, que continuaram a não dar resultado.
Entretanto, Varoufakis tentou convencê-los, dando-lhes aulas de macroeconomia, bem dentro de um jogo de espera, recua, avança e diverge, tentando dar alguma humanidade à resolução final do Euro-grupo.
Por fim, disseram que era preciso afastar alguém pois havia alguém menos adulto (Varoufakis) nas reuniões, mas tal como antes aconteceu, foi “por culpa exclusiva dos senhores, (que) a sala do Conselho Superior transformava-se no Terreiro da erva, de Coimbra” ( 1 ) . Lugar agora entendido como lugar de irracionalidade, que empobrece a Europa como veremos dentro em pouco pois nada vai ficar melhor.
Já, quando escrevia este texto verifiquei que os adultos, os tais senhores da Europa, agora sem crianças na sala, não eram capazes de encontrar uma solução. Conclui-se que era tudo blablá. Também eles estão enredados nas suas contradições e prisioneiros das armadilhas com que tentam escravizar os povos, que tentam por fim libertar-se das cadeias das suas obscuras teorias financeiras. E são estas, as que os homens do capital dos outros montaram para extorquir os povos das suas riquezas.
Pelo meio, como se estivessem num Terreiro cheio de gente, com Erva ou sem ela, uns senhores, revelando-se mais papistas que o Papa, este agora bem sensível, bem no anonimato das redes sociais, sem saber nem sensibilidade para verem ou fazerem algo por encontrar uma solução, foram lançando achas para a fogueira, alimentada pela ávida voracidade dos fortes, em que se transformou uma Europa à deriva.
Só uma análise do que foi o neoliberalismo, como teoria ou melhor ideologia maléfica, pode explicar o que nos acontece e, ainda a necessidade de refazermos raciocínio base, logo aquele com que os governantes do mundo ao serviço de “uns credores” complicam tudo na economia mundial e a transformam insensatamente numa tragédia global.
Por agora limitemo-nos a perceber como funciona a manipulação dos mercados de capitais com a ajuda preciosa de umas descredibilizadas agências de “rating”, ou de notação financeira, em que uns comentadores mal-amanhados nos fazem acreditar.
Será o primeiro passo para a necessária mudança de mentalidades e de estruturas de funcionamento das sociedades, que impeçam a aceitação de armadilhas que sufocam e impedem o livre desenvolvimento dos Povos de Todo o Mundo.
( 1 ) Sebastião Ribeiro – Sá, Ralha & C.ª, Edição do Autor, 1955, p.98