Opinião – Será possível (2)

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Norberto Canha

Norberto Canha

Não só é possível, como é verdade que:

– Ia para me sentar num banco da sacristia da Capela da Universidade, reparo que estava escrito: “não sentar, avariado”. Vendo a minha surpresa o sacerdote explicou: “está avariado há vários anos”. Não se tratava de incúria, mas provavelmente de já não haver artífices que trabalhem a madeira. De quem é a responsabilidade? Da inveja dos políticos locais que impediram há ultima hora que no Convento de São Francisco se criasse e instalasse uma escola profissional sob o patrocínio do Ministério do Trabalho.

– Desço as escadarias da Sereia: um repuxo está entupido, outra vaza água para o exterior; os belíssimos azulejos policromados ou não, ou estão deteriorados, arrancados, vandalizados ou pior ainda, apenas os locais agora gatafunhados onde os desaparecidos estiveram implantados. Belíssimo pórtico está gatafunhado, e a sua beleza apagada, espero que não seja para sempre.

– Páro na Praça da República para apanhar um transporte público dirige-se-me uma antiga funcionária dos HUC, vinha com aspecto triste, cumprimentámo-nos tinha trabalhado nos HUC no meu serviço. Lamenta-se e quase a chorar, disse: “tenho a mãe doente; eu sofro dum ombro, ando duma consulta para outra. “Já não são os médicos de antigamente. Preciso de todas as minhas forças para ajudar e tratar da minha mãe”.

– Ainda na paragem dos autocarros vejo passar um jovem, a procurar vender insistentemente, o borda D’Agua. Era delicado. É este o emprego de tantos jovens, jovens como ele. Teve sorte, o condutor do autocarro respondeu ao cumprimento e era delicado.

Desço essa belíssima Avenida Sá da Bandeira, se já entristecido estava, mais entristecido fiquei, quando olhando fugidiamente para um e outro lado da avenida, vejo tantas e tantas casas deterioradas ou mesmo abandonadas. Interrogo? Que sortilégio será o nosso? Pouco tempo depois ocorre-me a resposta.

Não temos políticos locais ou gerais com o merecimento exigido pelo cargo que desempenham ou se propõem vie a desempenhar. A causa pública está uma lástima. Não será? Temos que assim seja e continue a ser. Esta nossa querida Pátria não é merecedora do que lhe está a acontecer.

Coimbra, pela incapacidade das suas elites, de porem de lado a subserviência política e unirem-se é, de todas as cidades que conheço, a mais degradada e confere menos esperanças aos seus filhos.

Parabéns! Vai funcionando relativamente bem a recolha do lixo. Que lhe siga o exemplo o lixo humano para que Coimbra não pare no passado e arranque para o futuro.

Agora é o momento oportuno, talvez seja a ultima oportunidade para Coimbra; agora que é Património Imaterial da Humanidade…

É altura de Coimbra, tal como noutro tempo, lançar um olhar pelo seu passado e erguer a visão para além do que está a acontecer perspetivando um futuro, que futuro já não há, para os seus filhos físicos e espirituais, e para os filhos que sigam o seu exemplo e pensamento criados ou espalhados em todos os Continentes.

A humanidade está carenciada de que isto possa acontecer. A melhor forma, talvez única forma, era patrocinar e organizar um congresso mundial sobre o futuro do planeta, globalização, prós e contras, caminhos a seguir, limites. Para obstar a que se degrade cada vez mais o paraíso, que é este nosso planeta Terra!

Deixemo-nos de pieguices políticas! Não se perca esta oportunidade. Temo que seja a última. ( 19 – 05 – 2015 ). Segue-se o tema “Será possível” ( 3 )

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