Os ganhos de qualidade em saúde em que Portugal até recentemente se podia destacar, marcam uma etapa civilizacional de que todos nos orgulhamos e gostaríamos de continuar a orgulhar.
Estes avanços devem-se em grande parte ao esforço e dedicação de profissionais de saúde com crescente formação e níveis de diferenciação, necessários para acompanhar o progresso alucinante dos meios complementares de diagnóstico e dos recursos terapêuticos.
Estes ganhos dependem cada vez mais de sistemas de complexidade crescente, de tal forma que a tradicional relação entre médico e o seu doente já não faz mais sentido entendida de forma isolada, mas sim num sistema muito mais abrangente. Em Portugal, de resto como em muitos países europeus, este sistema tem sido designado de “Serviço Nacional de Saúde”.
Mas e o doente (mais do que o utente) dos cuidados de saúde? Qual o seu papel nestes sistemas complexos, que, porventura, o podem fazer sentir como apenas uma peça numa imensa engrenagem e sem capacidade para decidir sobre seja o que for? O doente tem naturalmente um papel central a desempenhar.
Em todo o seu percurso nos diversos níveis de cuidados, são os seus valores e a sua escolha informada que deve prevalecer, desde que se considere devidamente esclarecido sobre as alternativas, bem como das previsíveis consequências das suas decisões.
Neste contexto, o próprio doente terá a capacidade de interferir no curso dos eventos, sendo, inclusivamente, peça importante da segurança dos cuidados prestados, dado que um cidadão informado será sempre um cidadão capacitado para se manifestar quando algo lhe pareça deslocado do que tinha sido planeado em conjunto com a sua equipa liderada pelo seu médico.
Evidentemente, entrarão nesta equação outros considerandos, como os de natureza técnica, a cargo de profissionais como os médicos, mas também de ordem económica, que terão de ser devidamente ponderados na altura de alocar recursos. Aqui entra o papel do poder político, que se encontra mandatado para gerir os referidos recursos.
Este é submetido de forma periódica a avaliações, vulgo eleições, que se constituem um momento de ponderação sobre se os recursos de todos estão a ser bem geridos de acordo com os interesses ponderados de grupos mais pequenos, mas com o mesmo direito democrático.
Neste particular, é muito importante que os candidatos políticos apresentem claramente as suas propostas para o futuro de modo a permitirem uma escolha esclarecida dos cidadãos no momento indicado.
Mais do que discutir quem deverá ocupar as cadeiras do poder nos próximos ciclos eleitorais, concentremo-nos em defender o que nos define como nação e não abdiquemos daquilo que conseguimos com tanto esforço e perseverança.