Opinião – Compaixão

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Gonçalo Reis Torgal

Gonçalo Reis Torgal

Hoje não direi mal (as verdades) do CPP (embora siga a governar com desumanidade e a mentir aos portugueses), nem do PP (que, irrevogável, vende o CDS para ele e comparsas, como o motinha Soares, seguirem ministros), nem de SC (mesmo vendo-o pregar sobre o que fazer do mar, quando destruiu o que feito estava); menos ainda do Dr. António Costa, sem contudo muito confiar.

Hoje, deles, só compaixão, pela que tenho dos portugueses caídos em suas garras, se meteram ou vão meter; que, passivos, encarando a política como encaram o clubismo, capazes são de reeleger quem os está lixando, ou quem os lixou, e deles não se demarca; pelo contrário, aceita que o incensar, pondo-nos num Deus nos acuda a exigir de AC clara definição: ou está com eles ou sem eles! Diga lá, senhor contente, para sermos ou não senhor feliz.

Mas a verdadeira compaixão, a que motiva este texto é outra e surge apoiada no livro de uma consagrada escritora – Jodi Picoult (com esse nome compaixão – 2015 – Edição em português da Civilização) que, em 2003, foi agraciada com o “Prémio Livreiro Nova Inglaterra para a ficção.

Nesse livro, com que prossegue uma produção de mais de uma vintena de outras obras, discorre, numa atitude de que constantemente dá provas no seu ser e estar, pois é “porta-voz hospital positivos Tracks / infantil em Dartmouth, apoia liderada por jovens obras caritativas para angariação de fundos através de atletismo; pertence ao comité consultivo da Coligação New Hampshire contra a pena de morte.

É fundadora e produtora executiva do Trumbull Salão Troupe, um grupo de teatro adolescente com base em New Hampshire, que realiza musicais originais para arrecadar dinheiro para instituições de caridade locais.”; discorre, dizia, sobre a importância do amor; quiçá, melhor me exprimindo, o livro é uma total reflexão sobre o amor, sem o qual, identificando-o com a caridade, já dizia S. Paulo na monumental I Carta aos Coríntios, já aqui referida, e nunca é demais fazê-lo, nada seremos.

Deixemos de lado a eutanásia, embora sobre o tema pudéssemos reflectir (como reflecte) sobre se pode ou não ser um acto de amor, logo aceitável aos olhos de Deus. Fiquemos, terra a terra, na compaixão para onde nos impelem dois momentos vividos na semana que passou.

Refiro-me em primeiro lugar, pela dimensão da tragédia, ao terramoto no Nepal que tantas vidas ceifou, o país arruinou e o povo lançou num dia a dia de sobrevivência, carenciado de tudo.

Não tomei consciência, com o que fazer diário, de como o mundo reagiu a tal calamidade. Não sei bem a dimensão da ajuda necessária, quiçá nunca suficiente. Não anotei, porque não vi, o como, onde e com quê poderíamos exteriorizar a nossa compaixão. Desconheço se o mundo se comportou com a hipocrisia habitual ou se olhou o Nepal (terra crente, a seu modo, onde, como alguém um dia escreveu, exactamente acerca de Katemandú, “não fecham Deus à chave após a hora de serviço”, numa crítica às nossas igrejas, muito fechadas e que abertas deviam e podiam estar com um estudado regime de voluntariado dos fiéis em sua protecção, como em tempos, em escrito, sugeri, sem apoio ou palmateio pelo utópico descrédito da opinião) como o próximo cristão, que Jesus disse que devemos olhar como se nós mesmo fôramos. No entanto o Nepal merecia que tivéssemos ou tenhamos feito.

O segundo ponto que merece a minha (nossa) compaixão objectiva-se no desastre que matou, pelo menos, até agora, cinco peregrinos que, devotos ou festeiros, mas sempre crentes e felizes, caminhavam para Fátima. A situação sinto-a, por os ter ligados a mim pelo laço tão divulgado, mas nem sempre tornado real, do “Todo o Homem é meu Irmão” e porque o tema Caminhos de Fátima tem sido ponto de alguma reflexão; tendo mesmo sobre ele trocado em tempo algumas palavras, como saudoso Bispo de Leiria e Fátima D. Serafim.

Não sei se a Igreja (que também sou), principalmente a sua hierarquia nacional (a que não pertenço) vai levar a bem o que, repetindo um pensar antigo, vou escrever. Vai por aí, com toda razão, um louvar Deus, por essa dádiva milagrosa e maravilhosa do Espírito Santo (escrevo-o mais uma vez) que é o Papa Francisco, mas a coisa muda de figura quando se trata de agir (e nisso, venial pecador me confesso). Ora o Papa Francisco começou por pregar e agir conforme, contra a sumptuosidade da Igreja. Esta , porém, ouve mas ignora a regra. Pelo menos em alguns casos.

Está neles o que me inquieta. Gastou Fátima, milhões de €€ numa Nova Basílica (não me ocorre o nome com que sagraram). Era o espavento, não vou ao ponto e dizer, o que poderia ser dito se tirássemos da História o ser de qualquer lugar “santo”. Inútil. Pelo menos era desnecessária. No entanto ninguém, na igreja de onde devia vir o olhar primeiro, ou fora dela, nem mesmo do estado que não podia (não pode) fechar os olhos a este movimento de cidadãos, se importou com a necessidade absoluta de proteger, no caminho, os peregrinos.

Nem mesmo tendo como exemplo os Caminhos de Santiago, que, e muito bem, definimos e marcámos entre nós. Tenho-o para mim e, como disse, exprimi-o ao Prelado de Fátima, que os inúteis/desnecessários milhões da Basilica da vaidade deviam ter sido investidos nos Caminhos de Fátima. Ninguém se importou com isso, ninguém me ouviu, como era natural. Quem sou eu para que me ouçam.

Ouçam pois o Papa Francisco, que a Fátima virá no centenário do descer até nós a Senhora mais brilhante do que o sol. Se não pelos caminhantes que há um século caminham para Ela, ao menos por Ela mesma e pela compaixão que nos pediu.

Lembrem-se que (e isto aplica-se também à Troyka CPP/PP/SC) – escreveu Edmund Spencer in THE FAERIE – “quem não mostra compaixão diante dos outros como pode sequer esperar compaixão!”

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