Opinião – Brisa eleitoral

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Fernando Serrasqueiro

Fernando Serrasqueiro

O aproximar de eleições, legislativas e presidenciais, gera sempre movimentações sociais e debates sobre o futuro. Desta vez, existe a novidade da participação de novos partidos e da agitação sobre o seu espaço e sobre a sua política de alianças.

Esta natural discussão foi muito amplificada com a apresentação, pelo PS, dum relatório realizado por um grupo de economistas maioritariamente independentes e que pelo seu ineditismo e conteúdo programático surpreendeu todos os partidos.

As reações dão boa nota disso. A forma desastrosa como o PSD respondeu, sem ter lido o documento e agora em querer que uma instituição parlamentar o aprecie partidário, explica o desnorte da sua posição.

A maioria clamava por exigir uma alternativa na esperança que ela não surgisse. Apareceu um programa que demonstra que a estratégia de empobrecimento falhou e que é possível uma consolidação orçamental através do crescimento económico e não da austeridade. Basta para isso uma nova política económica que ultrapasse os bloqueios estruturais mas que não esqueça a emergência duma política social virada para o emprego sustentável.

A surpresa deste exercício feito pelo PS e a boa receção que obteve obrigou a maioria a antecipar aquilo que todos já sabíamos, uma coligação para evitar que cada partido fosse a votos com medo dos resultados isolados.

Esta coligação surge no exato momento em que o PR, no seu último discurso do 25 de Abril, apela a entendimentos partidários, sobretudo englobando o PS. Já sabia que os socialistas só admitem discutir uma política diferente da que foi atualmente prosseguida. Ficou-se a saber que PSD e CDS funcionam em bloco (AD) o que torna qualquer acordo alargado impossível.

O PR que já só era ouvido pela direita ficou a falar sozinho e já se apresentaram candidatos ao seu lugar.

Também aqui a direita chegou, tal como no programa eleitoral, atrasada ao debate. Sem candidato, até agora, é obrigada a redefinir a sua estratégia para decidir antes das legislativas.

Uma maioria que passou a andar a reboque porque mais ocupada com uma coligação em construção e uma escolha presidencial difícil por excesso de pretendentes.

O governo já não governa, trata dos negócios das privatizações com um temor que algumas delas possam ficar por fazer e o próximo governo as possa anular.

Importa por isso preparar uma alternativa sólida, com um programa exequível alternativo, sabendo já que uma eventual vitória da direita seria mais do que já conhecemos.

Por isso a responsabilidade do PS é enorme mas também se estende a outros partidos que se reivindicam de esquerda mas que se têm colocado de fora da área governativa porque não querem abandonar a sua zona de conforto, a contestação a tudo.

Esperemos que a pré campanha que se abriu propicie um debate de como se sai desta política de cortes que condiciona o crescimento para passarmos a ver o problema ao contrário. Só com crescimento haverá consolidação.

O que os Portugueses têm de considerar na sua decisão de voto é a apreciação do trabalho governativo e a análise dos programas que lhes são apresentados.

Era exigido ao PS que apresentasse propostas para discussão. Aí estão, faltam as da coligação.

 

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