Coimbra é geralmente conhecida pelas suas enormes potencialidades, que depois se sintetizam na sua universidade e nos seus serviços de saúde. É bom, é relevante, deve ser potenciado e explorado, mas é curto.
A cidade precisa de ter outra atividade, outros pontos de interesse que captem a atenção dos habitantes mas também de visitantes portugueses e estrangeiros.
Do meu ponto de vista existem três vetores estratégicos que devem ser explorados com prioridade e de forma continuada, isto é, recolhendo o máximo de consenso para que não sejam interrompidas pelos ciclos eleitorais e eventuais mudanças de gestão política.
Um deles é o desporto. Coimbra tem potencialidades únicas, ao nível dos equipamentos e estruturas organizativas, para organizar e promover eventos e atividades que tenham o desporto como elemento central.
Se for possível associar isso a uma imagem renovada de uma cidade preparada para a juventude, será muito relevante para desenhar iniciativas coerentes e de longo prazo que permitam tirar partido das potencialidades da cidades, e até de sinergias com cidades vizinhas como, por exemplo, a Figueira da Foz e Montemor-o-velho.
Fico por isso muito contente com o facto de ver Coimbra ser candidata a Cidade Europeia do Desporto 2017 e Capital Europeia da Juventude 2018, e ainda mais por tomar conhecimento que as decisões de candidatura foram tomadas por unanimidade.
O outro vetor estratégico é a cultura. Em Coimbra existe uma oferta cultural de muita qualidade, sub-financiada em muitos casos mas que teima em continuar em atividade, em várias áreas e envolvendo um número muito significativos de pessoas e entidades diferentes.
Essa diversidade é uma enorme potencialidade e precisa de ser encarada pela sua capacidade necessariamente reforçada de atrair investimento, público e atividade económica, mas também pelo seu enorme potencial de transformação da imagem pública da cidade e da região.
Uma estratégia coerente para a cultura em Coimbra é fundamental, pois esta vertente, a para da referida acima e ligada ao desporto e juventude, tem um forte impacto na capacidade que temos de fixar e atrair empreendedores e investidores.
E esse é o terceiro vetor estratégico: atrair investimento de qualidade que coloca o foco no aproveitamento daquilo que sabemos fazer bem na universidade e na cidade.
Coimbra tem de ser capaz de mostrar que se preparou para o investimento. Que percebe o que procuram os empreendedores e aquilo que na verdade é mais relevante nas suas tomadas de decisão relativas a investimento. O que valorizam nos espaços e na qualidade do território.
O que procuram na relação com instituições de ensino superior e investigação e desenvolvimento. O que esperam no ambiente, no desporto e nas atividades ligadas à juventude. Tem de demonstrar a mesma atitude frenética perante as coisas, mostrando uma cidade onde as coisas acontecem, onde a cultura é valorizada e acarinhada, onde tudo foi preparado para facilitar a vida aos que procuram locais para investir, desenvolver ideias de negócio, criar emprego e atividade económica. Se bem desenhado esse será um círculo virtuoso que tenderá a produzir resultados graduais e também por isso sustentados.
Desenhar um plano que tenha o investimento como objetivo e se alicerce na universidade, na saúde, no desporto e juventude e na cultura exige um enorme esforço de reflexão, sinergias e compromisso. Ao longo dos tempos isso não tem sido possível e a degradação da cidade, a todos os níveis mas até na sua relevância nacional, é bem evidente.
Faria sentido ter consciência disso e unir esforços para inverter a situação desenhando uma estratégia que possa aproveitar ao máximo o novo ciclo de fundos comunitários.
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