Opinião – A luta política

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Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

A luta política sempre foi causa de desavenças entre famílias e entre amigos, quase sempre por se inserirem na disputa sobre interesses materiais, contudo a política transformou-se ao longo do tempo em forma humanizada de minorar tensões, resolvendo muitas querelas.

Era dura esta luta quando aconteciam em Portugal endémicas guerras civis que agora desconhecemos. Recordam-nas alguns romances em que quase se começa por dizer que uma mulher “Receava ainda que fosse qualquer tramoia contra seu irmão, o Duarte, que deixara os estudos de Coimbra, e apesar do padrasto cabralista, se pusera do lado dos patuleias no regimento do Vilas-Boas” .

Os últimos tempos em Portugal vieram mostrar como alguns fenómenos denunciadores de ferocidades injustificadas, escondiam na verdade interesses inconfessáveis que vieram degradar a vida social e económica e introduzir na dinâmica social retrocessos civilizacionais, bem patentes na violência contra as crianças e mulheres, e de que a pobreza é um dos aspetos mais subliminares. Mas que não deixa ninguém indiferente, quando denunciado como realidade nos nossos campos e cidades.

De facto, a realidade cruel da pobreza tem tudo a ver com o desemprego promovido pelas políticas de austeridade, que desemprega e desespera os pais e degrada as relações entre eles e os filhos.

Não admira que a Caritas peça aos partidos políticos que inscrevam o tema da pobreza infantil na sua agenda de promessas eleitorais e o discutam, com verdade, em Setembro/Outubro.

Esperemos que isso incomode os partidos que têm colocado e proclamado a austeridade como solução mágica de todos os problemas da economia nacional e europeia, sem que víssemos quaisquer resultados económicos e humanamente aceitáveis.
Todos sabemos agora bem que privatizações, aumentos de impostos e redução da qualidade e quantidade dos bens sociais na educação, saúde, segurança social, cultura e outros em quase nada melhoraram o equilíbrio das contas públicas.

Também é preocupante o descalabro das contas das Finanças Públicas Portuguesas que, sistematicamente andam por aí a fazer-se esquecidas do que cobraram, pedindo de novo os mesmíssimos impostos, não consultando sequer os dados inseridos no seu sistema informático.

Bem pelo contrário, tudo piorou e muitos consideram necessário parar com estes sacrifícios, ainda mais que sabemos como o ambiente de trabalho em empresas e serviços públicos, onde faltam profissionais, se degradou, trazendo muitos destes exaustos e com os nervos à flor da pele como vou sabendo ao peregrinar pelo país.

Esta situação convoca-nos para o trabalho político da análise da política económica e financeira que tem degradado a nossa vida coletiva.

Não nos demitamos por isso das nossas obrigações cívicas.

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