Opinião – Um capitalismo desorganizante

Posted by
Spread the love
Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

Nos tempos que vivemos verificamos como o capitalismo desorganiza continuamente a economia, sem saber como a deve estruturar, impondo só as suas regras, como se nada se soubesse sobre o funcionamento dos mercados.

Repete-se agora o sem sentido sobre a filoxera, em que esquecendo o que se sabia cientificamente sobre este inseto: “A comissão de estudo e tratamento das vinhas do Douro, consultada pelo respetivo presidente, optou pelo tratamento por meio do sulfureto de carbono. A comissão de vigilância de Coimbra foi de opinião contrária pugnando pela destruição radical da vinha. Mais tarde a ilustrada câmara municipal de Coimbra representou neste sentido ao governo de Sua Majestade e o exemplo dela foi seguido por outras corporações idênticas”.

De facto, o que observamos é o quebrar continuado das regras do mercado de capitais como vemos através das denúncias de alguns funcionários da banca internacional. Foi o que aconteceu recentemente com o Swissleaks, onde alguns mistérios incompreensíveis surgiram a propósito de uma conta milionária no HSBC de uma portuguesa sem sinais de riqueza. Antes, um jornal português de negócios, afirmava que a infelicidade perseguia os mensageiros destas notícias. E em Portugal, diz-me o Facebook, estas provas são ilegais.
Comprova-se aqui a clara consciência do que significa a injustiça como criadora da irracionalidade desorganizante das economias, tal como Jacques Novicow explicou em 1905 como se criava o desemprego em La Justice et l’Expansion de La Vie : Essai sur le Bonheur des Sociétés Humaines (p. 81 ), explicitando: “naturalmente, quando os governos se metem eles próprios a proteger os ladrões, cometem a mais flagrante das injustiças. É esta injustiça que causa o estado patológico qualificado da estagnação dos negócios de onde resulta que a oferta de trabalho ultrapassa a procura.”
Mas, agora que os senhores da Europa, hipocritamente, se fazem desentendidos desta realidade, continuam a dizer que os Povos têm de pagar as dívidas nacionais, e mesmo que não se saiba como surgiram. No caso grego, como acontece noutros países, sabemos que surgiram por alguns nacionais e outros não terem pago os impostos locais devidos através de malabarismos fiscais, como são os offshores, deixando os povos assim injustiçados com uma carga fiscal impossível de aguentar.
Estamos assim perante o drama dos povos enganados por uma governação global, que deliberadamente esquece os Povos para proteger os que esvaziam os cofres dos bancos e de todas as outras empresas, criando buracos colossais e logo recorrendo aos cofres dos Estados para os tapar. E para resolver estes problemas não é preciso mais pesquisa.
Só precisamos de Justiça.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.