Opinião – Pretendem criar a 3.ª divisão do Ensino Superior Público

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JORGE CONDE

A propósito da recente proposta do CCISP em diminuir o grau de exigência de acesso aos Institutos Politécnicos e aos seus cursos entendemos refletir nas linhas que se seguem:

Não nos espanta a opinião do Sr. Secretário de Estado. Este ministério tem vindo a destruir o ensino superior e arriscamos dizer que é mesmo o pior ministério de sempre. Não nos espanta porque desde cedo se percebeu que o ensino superior na generalidade e o ensino superior politécnico em concreto seriam para agredir, a coberto da crise, como se de um sector menor se trata-se. A agressão ao Politécnico e a sua menorização acontece sempre que há falta de recursos financeiros e sempre que o ministério é de menor qualidade. Este ministério que não conseguiu fazer nenhuma reforma (e era tão fácil se houvesse coragem), poderá ficar marcado por ter destruído o sub-sistema de ensino politécnico e ferido gravemente o universitário

Já a posição do CCISP, espanta-nos parcialmente. Há muito governando pelos pequenos politécnicos (em número de alunos), tem assumido uma postura de defesa dos pequeninos e de aposta na diferença, nivelando por baixo. Defendemos desde há muito no seio do Politécnico de Coimbra e no seio das ESTeS (Coimbra, Lisboa e Porto) que os 3 Politécnicos de Lisboa, Porto e Coimbra deviam sair do CCISP, na impossibilidade de saírem do Politécnico. Finalmente algo aconteceu, ainda que não tenha sido uma saída, mas uma suspensão de participação. Desde a criação dos “Cursos de Técnicos Superiores Profissionais” (cursos de 2 anos, que não conferem qualquer grau académico), que a nossa opinião se consolidou de que o Ministério pretende a menorização deste sub-sistema e o CCISP, nada faz contra isso.

Desta feita, não chegava nada fazerem, como conciliaram posições para criar a 3.ª divisão do ensino superior. Perante a opinião pública o Politécnico tem sido visto como algo menor, para onde convergem os estudantes sem notas para a Universidade. Sabemos que é falsa (embora alguns dirigentes de determinados sectores do Politécnico também pensem assim) esta opinião e no que ao ensino da saúde diz respeito ela é mesmo muito enganosa. Bastará uma visão diagonal pelas médias de entrada para se perceber que os cursos de saúde (e em concreto os da ESTeSC) ombreiam com as mais altas médias do ensino universitário. Mas dizíamos nós: se o Politécnico tem sido visto como uma 2.ª divisão, agora há Politécnicos (felizmente não é o caso do de Coirnbra) que querem ser a 3.ª divisão e ficar com os alunos que em mais lado algum conseguem colocação. Que triste …

Na ESTeSC, não há equívocos: estamos a trabalhar para cumprir os mais exigentes padrões de ensino, os mais exigentes padrões no que à investigação em saúde diz respeito e os mais exigentes padrões de qualidade do corpo docente. Em poucos meses estaremos preparados para cumprir todas as exigências de qualquer dos sub-sistemas e não permitiremos que nos incluam na 3.ª divisão, nem tão pouco nos resignamos a ser vistos como 2.ª divisão … afinal os melhores cursos de ciências da saúde são dados nesta escola, para onde convergem alunos da 1.ª divisão.

Não queremos, não aceitamos e até estamos preparados para fugir “deste” ensino politécnico …

Quanto à opinião do ministério, esperamos que depois da tomada de posição “contra” dos estudantes, estes estejam preparados para defender intransigentemente os seus interesses …

 

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