Foi nomeada pela revista Forbes para integrar uma lista de 30 talentos mundiais de grande potencial, por setor de atividade. Entre os portugueses, só Cristiano Ronaldo e Vhils foram nomeados.
Como recebeu esta notícia?
Com surpresa, claro. É uma grande honra receber esta distinção e um importante reconhecimento do trabalho que foi desenvolvido até ao momento. É também uma fonte de motivação para continuar a trabalhar nesta tecnologia e no seu potencial, para melhorar a qualidade de vida de pacientes em todo o mundo.
Espero sinceramente que também possa servir como fonte de inspiração para os jovens portugueses que procuram todos os dias ir mais além.
O que considera que terá alertado os responsáveis da revista para o seu trabalho?
O impacto que esta tecnologia pode ter na forma como as cirurgias são actualmente conduzidas e o seu carácter inovador
Qual é a sua formação e especialização académica?
Mestrado integrado em Ciência Farmacêuticas, Coimbra – Portugal e doutoramento em Sistemas de Bioengenharia, Programa MIT-Portugal.
Como desenvolveu o protótipo do adesivo de tecidos humanos ativado por luz?
Esta tecnologia surgiu através de uma colaboração altamente multidisciplinar que envolveu cientistas, engenheiros e médicos. A necessidade clínica deste tipo de materiais foi identificada pelas equipas do Boston Children’s Hospital e do Brigham and Women’s Hospital. Foram feitos diversos estudos até ao momento, desde a optimização da química do material para promover a sua performance até estudos pré-clínicos em modelos animais.
O que é este projeto?
Enquanto aluna de doutoramento do MIT Portugal contribuí para o desenvolvimento de um novo adesivo que funciona como uma cola que permite reparar mais facilmente defeitos cardiovasculares que afectam seis bebés em cada 1000 nascimentos. Esperamos que este adesivo formado por um novo biomaterial simplifique consideravelmente o processo de reparação e reduza a necessidade duma intervenção cirúrgica invasiva nos primeiros tempos de vida. Ao contrário dos outros materiais, a tecnologia deste material permite-lhe aderir fortemente ao tecido e resistir à constante pressão exercida num órgão, como o coração, em presença de sangue.
De que forma foi possível desenvolver os seus estudos no estrangeiro: contou com apoio da família ou foi através de bolsas?
Tive uma bolsa de doutoramento através da Fundação para a Ciência e Tecnologia e do programa MIT Portugal que cobriu os custos dos meus estudos no estrangeiro.
Sendo tão jovem, a sua “rápida ascenção” só foi possível com dedicação ao trabalho, ou também contou com momentos de lazer ao longo de todo este percurso?
O balanço é o ideal para o sucesso. Tem que haver tempo para tudo e paixão por aquilo que se faz. Admito que gosto tanto do que faço, que muitas vezes o trabalho se mistura com lazer.
Quais são os seus gostos de tempos livres?
Viajar! E tenho a sorte de o meu trabalho também o proporcionar. Quando se faz ciência e inovação, é necessário ter os olhos bem abertos para todo o mundo.
Está bem adaptada a viver fora de Portugal, ou sente falta de algo do país?
Hoje em dia o mundo já é demasiado pequeno e globalizado. Claro que gosto de voltar sempre a Portugal para estar com amigos e família, mas a rede que estou a construir fora de Portugal e a oportunidade de conhecer (e aprender) com culturas diferentes é muito gratificante. É sem dúvida uma experiência única de crescimento pessoal.
O que significa ser responsável pela pipeline de Tecnologias de Adesão na start up francesa Gecko Biomedical, em Paris?
Sou responsável por toda a área de investigação na Gecko Biomedical para desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações médicas. Sou também responsável pela identificação de novas tecnologias com potencial para passarem do meio académico para o meio industrial e coordenar este processo.
Com o financiamento garantido para desenvolver o seu projeto, prevê ficar na Gecko nos próximos anos?
Quem sabe.
Como vê a sua vida futura profissional?
Espero continuar a trabalhar em tecnologias inovadoras e com impacto na sociedade e de promover a sua translação para que estejam disponíveis para todos. E para tal, nada mais gratificante do que trabalhar e construir uma start up.