Defesa da costa portuguesa passa pela reposição de areia nas praias

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FOTO DR

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O coordenador do grupo de trabalho criado pelo Governo para apresentar soluções para a orla costeira defendeu ontem à noite que a melhor defesa da costa é a alimentação artificial de areia nas praias.

O professor universitário Filipe Duarte Santos, que intervinha na sessão pública “Erosão costeira: Que soluções”, na Junta de Freguesia de São Pedro (concelho da Figueira da Foz), promovida pelo Bloco de Esquerda, enfatizou que “a melhor defesa da costa é uma praia”.

“Existe uma erosão muito intensa que tem a ver com défice de sedimentos que, no passado, eram transportados pelos rios, mas que devido à construção de barragens e extração de grandes quantidades de areia dos rios e estuários são menos transportados para a costa”, explicou o investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Segundo Filipe Duarte Santos, Portugal tem uma das costas “mais energéticas do mundo para a latitude em que estamos, com agitação marítima bastante intensa e ventos dominantes de noroeste, que provocam um transporte de sedimentos de norte para sul”, sem que haja capacidade de reposição natural.

Por outro lado, acrescentou, a subida do nível médio da água do mar, que registou um aumento de cerca de 20 centímetros desde o século XX, deverá subir um metro até final do século, aumentando os problemas na orla costeira.

O coordenador do Grupo de Trabalho do Litoral considerou que a solução mais duradoura consiste em fazer a realimentação artificial da costa portuguesa com areia, “que é o que se faz em muitos sítios do mundo, em particular na Holanda, que tem problemas muito mais graves” do que os portugueses e que “vai buscar areia ao fundo do mar e a transporta para a costa”.

O investigador e geofísico disse ainda que será inevitável, em alguns locais, uma relocalização das construções, “que têm de ser muito delineadas e pensadas”, e descartou a construção de molhes, responsáveis também por alguns problemas.

Filipe Duarte Santos referiu também que a erosão não é tão grave no sul do país, embora no Algarve também haja problemas, “mas o mar é muito menos energético do que na costa voltada a oeste”.

Entregue em dezembro ao Governo, o relatório do grupo de trabalho criado pelo Governo para apresentar soluções para a orla costureira analisou, durante seis meses, a erosão na costa de Portugal continental, desde o Minho até à foz do rio Guadiana.

O documento, segundo adiantou o seu coordenador, deverá ser apresentado na próxima segunda-feira à tarde pelo ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, ficando depois em consulta pública.

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