Opinião – Em Portugal tudo tem sido legítimo e legitimado

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Luís Santarino

Luís Santarino

A Senhora ministra da justiça parece-me ser uma pessoa bastante inteligente. Tanto assim é, que encontrou uma forma de construir uma notícia a partir de uma não notícia.

Como costumo dizer, não se podem confundir políticos com Micropterus Salmoides, vulgo achigãs. Esse peixe da família dos Centrarchidae e da ordem dos Perciformes. A temperatura em que vive, situa-se entre os 10 – 35°C. Hoje faz tanto frio! O doutor Google de vez em quando dá cá um jeitão!

O achigã é que abocanha tudo o que mexe. Há políticos assim. Assim como há, os que não podem ver um microfone em frente do nariz; cospem tudo o que sabem e até, por vezes e não poucas, o que não sabem!

Pois. Há uns políticos da nova vaga, novos e mais velhos, para quem o disparate é uma coisa banal. Garotada de variada idade!

Eu não sei – até me parece que ao povo também não – se as drogas leves deverão ser despenalizadas. É algo que não me preocupa, não me assusta e não me consegue tirar o sono.

Quando se fala de droga até os cabelos de ficam em pé. Com razão. Porque quem como eu, dinamizou vários projetos de “reinserção social de toxicodependentes”, sabe bem do sofrimento dos próprios e das famílias.

Só que nos dias de hoje, hoje mesmo, a grande preocupação das famílias é alimentar os filhos todos os dias. E não só alimentá-los, mas alimentá-los bem.

Por isso, o que a Senhora ministra fez não passou de um “fait-divers” sem nenhum tipo de rigor. Ela sabia bem que poucos iriam dar importância ao que disse, mas tentou!

Há quem diga que em política tal prática não é legítima. Embora não concorde, nem no todo nem em parte com a gestão da justiça, em política e em Portugal, tudo tem sido legítimo e legitimado.

Custa-me ver alguns políticos experimentados, experimentados digo eu, a cair como “jogadores de carica” nas fintas que lhes fazem.

Por isso eu não acredito que a Senhora ministra tenha falado do assunto com convicção. Em primeiro lugar, porque disse umas frases avulsas e algumas mesmo sem nexo. Em segundo lugar, porque a questão das drogas e toxicodependências não são assuntos para tratar na praça pública. A ser assim, qualquer “bicho careto” se atreveria a dar palpites e “articular sons” daquilo que não sabe.

Respeito é o mínimo que se deve pedir aos titulares de cargos públicos com responsabilidades governativas. Respeito pelos jovens e menos jovens que hoje nem sabem quem são, e pelas famílias que se endividaram e tudo perderam na tentativa de salvar os seus filhos.

Se falasse dos traficantes legais, daqueles que se aproveitam da debilidade das famílias para lhes sugarem o dinheiro com a promessa de cura, que na maior parte das vezes não aparece; se falasse das instituições que mentem descaradamente aos utentes e que continuam a receber milhões de euros nos nossos impostos para alimentar uns maus carácter; se falasse da gente que vive e se diverte à custa do sofrimento; se falasse da gente que vive à custa do erário público e que continua a dizer que não deve nada ao Estado, Estado esse que somos todos nós, eu compreenderia.

Mas assim, com essa leviandade, perdoe-se a palavra, mas é a mais suave que encontro neste momento, não se percebe.

Ou melhor, percebe-se. Porque eu acho que nesta vida quase tudo é perceptível!

 

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