Nos últimos dias, no caso Sócrates temos assistido a estranhas movimentações para condicionar a aplicação das leis da República. Surgem nos jornais movimentos que procuram levar a Évora o máximo de “amigos e camaradas”.
Contudo, ninguém compara estas movimentações com as ocorridas quando Sócrates, como autêntico animal feroz, fez convergir para Lisboa muitos milhares de professores em defesa da Escola Pública.
E agora que esta sobrevive com menos professores que os necessários, tendo muitos deles emigrado, ninguém ainda se lembrou de avaliar as políticas educativas de Sócrates que tantos dramas criou e ainda agora cria pelas mãos de Crato, seu discípulo.
Quando agora visitei o Douro, percebi bem o drama da filoxera em 1882 pois vivia-se a invasão phylloxera vastatriy. Foi o que justificou o envio de Manuel Paulino de Oliveira, professor da Faculdade de Filosofia de Coimbra, a um Congresso, devendo por isso ser dispensado de aulas pois há pessoal suficiente para o substituir, e “até será de grande utilidade que ele, depois de ir examinar no Douro o estado das vinhas atacadas, seja enviado ao Congresso de Genebra para nele tomar parte representando Portugal” .
Infelizmente, o processo de degradação da agricultura duriense perdurou por mais uns anos, obrigando à obrigação em massa dos proprietários e cavadores locais, que em algumas localidades chegaram a ser menos de 10% dos pré-existentes à catástrofe. Valeu à agricultura local que alguém encontrasse a solução, que agora tem múltiplos atores, deixando-me embaralhado com tanta história contraditória.
Por outro lado, a leitura de documentos no Arquivo Distrital de Vila Real demonstrou-me que os poderes distritais pouco ou nada contribuíram para a erradicação da crise, ou melhor catástrofe. Também do saber de Manuel Paulino de Oliveira não encontrei rasto. Talvez a leitura dos Arquivos Municipais da região me possam mostrar pistas seguras. Espero.
A minha pesquisa sobre as razões que levaram a família Teixeira Coelho a abandonar Sabrosa e Vila Real, fez-me conhecer um homem que emigra por períodos de três meses, enquanto mantém cuidada uma vinha e que acusou o poder central desta crise que faz a nossa “despopulacão” como em 1927 diria Salazar, o António de Oliveira, que aproveitava as aulas para esconder a má governação monárquica e a sua incapacidade de combater com eficácia a filoxera.
Felizmente, agora não temos nenhuma praga, só temos uma sucessão de governos, que encontraram na austeridade uma forma violenta de criar uma crise sem solução à vista no emaranhado de inverdades e “nonsense”, em que se transformou o discurso governativo.
E estando quase todos esclarecidos sobre as razões do nosso mal-estar, a solução é evidente. Só falta uma risada que desfaça a farsa e coragem para assumir a mudança necessária.
1 – Arquivo da Universidade de Coimbra: Reitoria da Universidade, Correspondência Ofícios- 1876-1879, folha 53 verso e 54, frente.